Philip Roth ganha Prémio Princípe das Astúrias

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Eric Thayer/Reuters

O romancista judeu norte-americano Philip Roth venceu o Prémio Príncipe das Astúrias para as Letras, juntando mais uma prestigiada medalha à sua vasta colecção de prémios literários, à qual já só falta mesmo o Nobel da Literatura.

A escolha do autor de Pastoral Americana foi decidida por maioria, tendo havido, entre os 16 jurados do prémio espanhol, quem defendesse até à votação final o ficcionista japonês Haruki Murakami, já depois de terem ficado pelo caminho nomes como o espanhol Antonio Gala, o francês Doninique Lapierre, o colombiano Gabriel García Márquez, o guatemalteco Rodrigo Rey Rosa, o senegalês Cheikh Hamidou ou o chinês Yan Lianke.

Nesse duelo final com Murakami, talvez possa ver-se uma vitória do romance do século XX sobre o que poderá vir a ser o romance do século XXI. Na sua breve declaração, o júri destacou que “a obra narrativa de Philip Roth faz parte da grande novelística norte-americana, na tradição de [John] Dos Passos, Scott Fitzgerald, [Ernest] Hemingway, [William] Faulkner, [Saul] Bellow ou [Bernard] Malamud”.

Nascido em Nova Jersey em 1933, Philip Roth estreou-se em 1959 com a novela Goodbye, Columbus, um retrato fortemente satírico da comunidade judaica dos Estados Unidos. O livro ganhou o National Book Award for Fiction, mas Roth só se tornaria uma celebridade das letras americanas uma década mais tarde, quando publica o hilariante O Complexo de Portnoy (1969), construído a partir dos relatos que Alexander Portnoy, um adolescente judeu cujas hormonas e sentimentos de culpa andam em disputa permanente, faz ao seu psicanalista.

A Bertrand, que já traduzira Traições (1990), o primeiro romance em que Roth se assume como protagonista, editou no início dos anos 90 o Complexo de Portnoy, mas o escritor só se tornaria um caso de sucesso em Portugal quando a D. Quixote começou a publicar regularmente os seus livros, começando com A Pastoral Americana (1997), volume inicial da chamada “trilogia americana”, que pode ser vista, no seu conjunto, como um retrato dos Estados Unidos na segunda metade do século XX, desde os anos do pós-guerra (Casei Com Um Comunista, 1998), passando pelos protestos dos anos 60 e pelo Watergate (A Pastoral Americana), até aos anos 90, marcados pelos governos de Bill Clinton, que servem de cenário ao romance A Mancha Humana (2000). Todos estes livros são narrados pelo escritor Nathan Zuckerman, uma personagem que funciona como alter-ego do próprio Roth e que aparece ainda em vários outros livros.

Depois de uma ambiciosa incursão nos domínios da história alternativa com A Conspiração Contra a América (2005), Roth tem vindo a publicar, nos últimos anos, uma série de novelas curtas, nas quais a doença, o envelhecimento e a morte são temas dominantes. A mais recente, Nemesis (2010), passa-se nos anos 40 e tem como cenário uma edpidemia de poliomelite numa escola judaica de Newark.

Notícia actualizada às 17h31
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