Arquitectura: Tiago Barros premiado por pôr o mundo a viajar numa nuvem

Arquitecto português ganhou um prémio com o projecto "Passing Cloud", uma nuvem flutuante que quer "redefinir o conceito de viajar”. Em Nova Iorque, onde vive, não se sente a crise. Mas voltar a Portugal não está posto de parte

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O Van Alen Institute inspirou-se no discurso de Barack Obama e Tiago Barros, arquitecto português, inspirou-se no desafio do Van Alen Institute. Assim começou a nascer a “Passing Cloud”, um objecto que “procura redefinir o conceito de viajar”, agora premiado com o primeiro prémio nos Condé Nast Traveller Innovation & Design Awards 2012 (I&DA), na categoria Aviação.

Em 2011, o presidente americano propôs ligar 80% da população através do TGV nos próximos 25 anos. O concurso "Life At The Speed Of Rail" pedia ideias específicas sobre o futuro do TGV no país. E o português, arquitecto em Nova Iorque, aceitou o desafio.

A nuvem de Tiago Barros, 34 anos, recusa a urgência com que se vive actualmente – “a sociedade tende a ser cada vez mais instantânea, com a intenção clara de eliminar o tempo que demora a ir do ponto A ao ponto B”, disse ao P3, a partir de Nova Iorque.

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O “Passing Cloud” quer “levar o passageiro para um mundo sem horários DR

Viajar à força do vento

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Projecto foi a resposta a um desafio que pedia ideias para o futuro do TGV nos EUA DR

O “Passing Cloud” quer “levar o passageiro para um mundo sem horários, paragens obrigatórias ou mesmo locais de chegada pré-definidos”. Seria o meio de transporte mais sustentável de sempre: feito de balões esféricos de aço, cobertos com uma textura de nylon, que não precisam de gasolina ou gasóleo e não andam sobre carris ou alcatrão. Viajam ao sabor do vento e dariam ao passageiro a sensação de flutuar. 


Sustentabilidade é uma palavra que há muito tempo entrou no dicionário de Tiago Barros. Continuar a aumentar a nossa pegada ecológica é para ele “um verdadeiro pecado”. “Acho necessário propormos novos conceitos de transporte, sustentáveis, que melhorem a qualidade de cada viagem e minimizem custos e impacto na Natureza, que está cada vez mais frágil.”

O percurso profissional de Tiago Barros está escrito em vários gabinetes: o nARCHITECTS (Nova Iorque), a Aedas Architects (Londres), a Davis Brody Bond Aedas (Nova Iorque) e a Aires Mateus (Lisboa).

E conta-se também por projectos, já mediáticos, como o “Sky Network”, que faz parte da exposição internacional organizada pela Architectural League no Museum of the City of New York, até 15 de Julho. E uma participação no Groud Zero, onde trabalhou durante 18 meses, quando passou pelo atelier Davis Brody Bond.

Nova Iorque é já a cidade de Tiago Barros. Por lá não se sente a crise e há sempre muito trabalho para fazer. Há dois problemas: “O facto de não conseguir encontrar tempo para fazer tudo e o facto de ser complicado arranjar tempo para não fazer nada”, brinca o arquitecto. Portugal será sempre a casa dele e o regresso é possível, “desde que se reunam as condições necessárias”.

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