Comissária europeia para a Cultura defende património comum: “O Pártenon não é só grego, é europeu”

Foto
Para o maestro espanhol os prémios são uma maneira de dizer que é “importante manter as belezas da Europa” Nuno Ferreira Santos

A comissária europeia para a Cultura e a Educação, Androulla Vassiliou, esteve em Lisboa para afirmar, no congresso da Europa Nostra, que “o património é uma parte essencial da nossa herança cultural” e revelar os esforços que tem desenvolvido para que a União Europeia aumente o orçamento da Cultura em 37%.

Chegou sorridente ao lado da comissária europeia para a Cultura e a Educação, Androulla Vassiliou, e ao fim de alguns minutos já estava a dizer aos jornalistas que desta vez não dispensava os microfones, coisa estranha aos palcos de ópera que lhe são tão familiares, porque não ia cantar e que o melhor mesmo seria fazer a conferência nos jardins.

Ao início da tarde de sexta-feira, o tenor Plácido Domingo, presidente da Europa Nostra, a mais importante organização europeia de defesa do património, mostrava na Fundação Gulbenkian e através de exemplos vindos da música, por que precisamos do passado para sentir que fazemos parte do presente, depois de uma intervenção em que Vassiliou descreveu parte dos esforços que tem vindo a desenvolver para que, nos próximos sete anos, a União Europeia aumente em 37% o financiamento à Cultura.
“O património é uma parte essencial da nossa herança cultural, da nossa diversidade”, disse a comissária aos jornalistas. “Mas é também uma responsabilidade de todos. Quando me perguntam se gastamos muito dinheiro dos contribuintes europeus a preservá-lo respondo ‘claro!’, e em seguida explico que é nossa obrigação investir no património porque ele não é um luxo, é uma necessidade.”

Sempre que referiu a importância de sensibilizar as populações dos Estados-membros para a herança cultural que a Europa Partilha – “o Pártenon não é só grego, é europeu”, insistiu – ou reconheceu que a crise levanta novos riscos aos monumentos e sítios, sobretudo nos países do Sul, Vassiliou fez questão de sublinhar o potencial de desenvolvimento da Cultura, ao mesmo tempo um motor económico e um factor de coesão social.

“A OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos] fez um estudo que demonstra que 40% do turismo internacional está relacionado com Cultura e que a Europa é o destino número um. Temos de saber rentabilizar este interesse, mas para isso precisamos de conservar o que temos e de o divulgar.”

Cada ano a União Europeia financia 300 projectos de cooperação entre países. Setenta desses projectos que receberam dinheiro em 2011, lembrou, estavam relacionados com o património tangível e intangível.

A bela Europa

É sobretudo de património tangível, embora este esteja sempre ligado a algo de imaterial, que se ocupam os 28 vencedores dos prémios atribuídos pela Europa Nostra. Seis deles serão “grandes prémios” e dados a conhecer esta noite numa cerimónia no Mosteiro dos Jerónimos (cada um recebe 10 mil euros).

Para o maestro espanhol a que a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) acaba de atribuir o título de Artista para a Paz, os prémios são uma maneira de dizer que é “importante manter as belezas da Europa”.

Entusiasmado com a proximidade do concerto de órgãos a que amanhã vai assistir na Basílica de Mafra no âmbito do congresso da Europa Nostra, organizado em Portugal com o apoio do Centro Nacional de Cultura, Plácido Domingo teve ainda tempo para identificar os monumentos e sítios cuja preservação mais o preocupa – o Monte Saint Michel em França ou o Coliseu de Roma – e para defender que é importante o que alimenta o espírito. “Todos assistimos aos terramotos em Itália e o nosso primeiro pensamento vai para as vítimas”, disse. “Mas quando vemos o que aconteceu em Mântua e Bolonha, choramos os mortos, mas choramos também por todos os edifícios históricos que caíram porque o passado é fundamental para criar um sentimento de pertença.”

Notícia corrigida a 2/06/2012 às 22h15

: A primeira citação da notícia e a do título estavam erradamente atribuídas ao tenor Plácido Domingo.

Sugerir correcção
Comentar