Quando a tecnologia se alia à agricultura isso é bom para a produção

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O sistema permite ver online o nível de humidade do solo a várias profundidades Enric Vives-Rubio/arquivo

Cerca de 3000 hectares dos vales do Tejo e do Sorraia serão “semeados” com sondas que permitem aos produtores saberem exactamente quando regar as plantações e que quantidade de água usar, uma tecnologia que tem o objectivo de optimizar os recursos hídricos e melhorar a produção.

As sondas estão a começar a ser instaladas nos campos dos cerca de 60 produtores associados da Torriba - Organização de Produtores Hortofrutícolas que se candidatou a fundos comunitários para colocar no terreno uma tecnologia que acredita que vai tornar ainda mais eficiente aquela que é já uma das regiões mais produtivas do país.

“Temos cerca de 60 produtores a produzir num sistema de rega gota-a-gota, que já faz uma gestão eficiente da água, mas quisemos ir um bocadinho mais além e ter conhecimento de qual a quantidade de água necessária a cada planta”, disse à Lusa Gonçalo Escudeiro, dirigente da Torriba.

Nos campos de tomate, que predominam, mas também nos de pimento, melão ou amendoim desta vasta área, a empresa portuguesa Hidrosoph está a instalar as sondas que irão “ler” os níveis de humidade no solo e que - com a informação proveniente de estações meteorológicas - permitirão elaborar os gráficos que ditarão os planos de rega adequados a cada solo e a cada cultura.

O sistema permite ao agricultor “ver permanentemente online o nível de humidade do solo a várias profundidades”, informação que se junta aos dados sobre a temperatura, a precipitação, o vento, a radiação, o tipo de solo, o tipo de cultura e o sistema de rega instalado, explicou à Lusa José Almeida, da Hidrosoph.

“A aplicação gera gráficos, que são uma ferramenta muito útil para podermos dar um plano de rega mais consciente”, adiantou Carlos Pegado, um dos técnicos da empresa que acompanha a implantação do projecto no terreno.

Além de uma gestão “mais correcta” da água, da poupança de energia e do uso racional dos fertilizantes, o sistema permite um aumento da produção e a melhoria da qualidade “de forma consistente ao longo dos anos”, frisou José Almeida.

“Com este projecto temos um objectivo muito claro, que é trazer conhecimento ao produtor, para validar aquilo que ele naturalmente fazia mas sem saber como se comportava a água dentro do seu campo”, afirmou Gonçalo Escudeiro.

Nos vales do Tejo e do Sorraia situam-se algumas das produções mais importantes de tomate para a indústria, um sector que o responsável da Torriba garante ser “um motor” da economia nacional.

“Portugal é o quinto produtor mundial” de tomate para a indústria, com 95 a 96% da produção nacional a ir, já transformada, para exportação.

Segundo disse Gonçalo Escudeiro, Portugal produz cerca de 1,4 milhões de toneladas de tomate para a indústria, sendo o volume de exportação da ordem dos 250 milhões de euros.

“Tendo em conta que é uma cultura que está a competir com realidades como a americana, a chinesa, a espanhola, a italiana, todos se preocupam em levar uma maior eficiência aos seus campos com redução de custos. Este projecto assenta precisamente aí, na sustentabilidade, na poupança de água, na protecção do ambiente, na melhoria da produção”, afirmou.

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