Vinte anos depois de Falcone, a mesma luta

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Falcone (o segundo a contar da esquerda) acompanhado por guarda-costas em 1986 Gerard Fouet/AFP

Passados 20 anos sobre o atentado que matou o juiz Giovanni Falcone, “não podemos excluir que alguns tentem um regresso à violência terrorista com o selo da carnificina” dos Anos de Chumbo, disse o Presidente italiano, Giorgio Napolitano, nas comemorações do assassínio do juiz antimáfia em Palermo.

Falcone foi morto num atentado ordenado pela Cosa Nostra que matou ainda a sua mulher, Francesca Morvillo, e três dos seus seguranças. Dois meses depois, a violência da máfia matava o colega e amigo de Falcone Paolo Borsellino.

As homenagens aos juízes considerados os maiores heróis do pós-guerra vieram de todos os campos políticos. Mas ficaram marcadas pelo atentado que sábado matou uma aluna de 16 anos à porta do Liceu Morvillo Falcone (baptizado em homenagem ao juiz e à mulher) de Brindisi, no Sudeste. A investigação não parece apontar para um envolvimento mafioso, mas o Governo descreveu o atentado como “terrorismo”. Mesmo sem Brindisi, o tom de Napolitano teria sido o mesmo: o chefe de Estado tem avisado que os grupos de crime organizado podem aproveitar-se do clima de incerteza e descontentamento provocado pela crise.

Nesta quarta-feira, 2600 jovens chegaram a Palermo a bordo de dois “navios da legalidade” com retratos gigantes dos dois juízes responsáveis pelo processo Mãos Limpas, que juntou 475 acusados e provocou a implosão do sistema partidário italiano. “Viemos para não esquecer”, lia-se num cartaz empunhado pelo procurador nacional antimáfia Pietro Grasso e pelo ministro da Educação, Francesco Profumo.

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