À Lupa: Sá Pinto não pode despir o "macacão"

Foto

1. Confirmou-se no Jamor que Sá Pinto foi hábil a disfarçar debilidades que seriam sempre naturais numa equipa em mutação, mas não resolveu as dores de crescimento que já tinham custado o lugar a Domingos Paciência. Uma coisa é apostar numa defesa baixa e nas transições rápidas ofensivas frente a adversários com tanta ou mais ambição e qualidade do que o Sporting. Outra, bem diferente, é ver o adversário desempenhar esse papel mais passivo e confortável e ter de assumir o comando e o risco do jogo. O Sporting de Sá Pinto também não está ainda preparado para trocar o macacão pelo fato de gala.

2. A Académica mereceu a Taça. Foi inteligente na estratégia, natural em quem tem armas de menor calibre, e mostrou-se sempre bem organizada, designadamente nas bolas paradas defensivas. Beneficiou, é certo, da vantagem de um golo marcado quando nada estava ainda definido e também da incapacidade do Sporting de encontrar as melhores soluções. Também teve a dose certa de felicidade. Mas nem isso retira o mérito a quem teve ainda um sentido de entreajuda inexcedível e que até podia ter resolvido tudo muito mais cedo se não tivesse de jogar com Edinho em vez do ostracizado Éder...

3. No golo, a defesa do Sporting estava descompensada em resultado de Polga ter ficado caído com queixas físicas. Insúa ocupou, por isso, uma posição mais central no lance, acabando por ser surpreendido pela entrada de Marinho nas suas costas. Mas nem isso invalida o mérito da Académica, designadamente a visão de Adrien e David Simão e a qualidade que Diogo Valente coloca na maioria dos seus cruzamentos.

4. Ricardo foi uma figura importante na segunda parte, mas no primeiro tempo não teve de fazer uma verdadeira defesa. Nesse período, tirando uma ou outra aceleração de João Pereira e alguns desequilíbrios conseguidos à custa do malabarismo de Carrillo, foram nítidas as dificuldades ofensivas do Sporting, designadamente no corredor central.

5. A Académica passou por dificuldades a meio do primeiro tempo (Diego Melo não é um verdadeiro "trinco" e viu o "amarelo" aos 22", quando cometeu a sua quarta falta), mas foi resolvendo os problemas com um bom posicionamento defensivo. E acabou por se recompor à custa do rendimento de Adrien, sempre inteligente na forma como tirava partido da apatia inicial de Matías e da indefinição do duplo pivot do Sporting. Deu uma boa resposta às inadmissíveis considerações que Sá Pinto tinha feito na véspera, quando tentou condicionar o direito de expressão de um adversário só porque ele tem ligação contratual ao Sporting...

6. As mexidas de Sá Pinto (acabou com quatro alas, mais Izmailov e ainda Onyewu a ponta-de-lança) podem ter agradado às bancadas, mas só revelaram incapacidade de ler o que se estava a passar no relvado. Matías tinha de andar atrás da bola e não havia ninguém capaz de pensar...

7. Di Mateo sagrou-se campeão europeu. Vítor Pereira ganhou o campeonato português. Pedro Emanuel venceu a Taça de Portugal. O que está a dar é ter sido adjunto de André Villas-Boas...

Sugerir correcção
Comentar