Jovem investigador português vence prémio internacional na área da qualidade

A Feigenbaum Medal é a maior distinção mundial para investigadores com menos de 35 anos na área da qualidade. Paulo Sampaio é o segundo português a conquistar o prémio

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Pedro Almeida

Não fosse Pedro Saraiva, primeiro português a vencer a Feigenbaum Medal, maior distinção mundial para jovens investigadores na área da qualidade, e Paulo Sampaio, o português que se segue a ser distinguido com o mesmo prémio, talvez não o tivesse conseguido. Palavra do próprio Paulo Sampaio, docente na Universidade do Minho (UMinho), que falou com o P3 em vésperas de viajar para a Califórnia, onde vai receber “o” prémio.

Estávamos em 2003 e o jovem investigador vivia num dilema: emigrar para fazer um doutoramento nos Estado Unidos ou apostar na formação dentro de portas. Foi uma conversa com Pedro Saraiva, catedrático na Universidade de Coimbra, que “evitou mais uma fuga de cérebros portugueses”, brinca Paulo Sampaio.

A Feigenbaum Medal é uma espécie de prémio de carreira para jovens investigadores com menos de 35 anos – não é uma distinção por um projecto específico, mas sim por um percurso. Foi sobretudo a partir de 2004, quando iniciou o doutoramento em Engenharia de Produção e Sistemas pela UMinho, que Paulo Sampaio, 33 anos, começou a destacar-se na área da qualidade.

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Paulo Sampaio tem 33 anos e é docente na Universidade do Minho DR

"Sustentabilidade organizacional"

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Paulo Sampaio tem 33 anos e é docente na Universidade do Minho DR

Mas afinal, do que falamos quando falamos de “qualidade”? Em traços gerais, “do primeiro passo no percurso da sustentabilidade organizacional”, responde o investigador bracarense. A área da qualidade distingue-se em duas grandes áreas: engenharia da qualidade e gestão da qualidade. Paulo Sampaio trabalha na segunda.

Responder a normas de qualidade é cada vez mais uma preocupação das empresas, que sabem que “não subsistem no mercado se não tiverem essa preocupação”. Mas dentro destas há dois tipos de empresas: as que se preocupam realmente com os sistema e o vêem como “uma ferramenta de melhoria contínua rumo à excelência organizacional”; e as que “só têm o sistema por imagem” (“que são ainda em grande número”).

Paulo Sampaio topa-as à distância. Nem tanto durante a auditoria, mas sobretudo nos projectos de investigação (“Dizem-nos coisas que nunca diriam numa auditoria”). Na área da qualidade, há ainda um longo caminho por percorrer. E esse facto é um dos desafios maiores que Paulo Sampaio enfrenta (o outro é conseguir pôr técnicos de qualidade e gestores de topo das organizações a “falar a mesma linguagem”).

Quando no domingo, dia 20, Paulo Sampaio receber em mãos a Feigenbaum Medal, na World Conference on Quality and Improvement, na Califórnia, põe mais um visto na lista de sonhos concretizados. Outros objectivos? Ser presidente da Região Norte Associação Portuguesa para a Qualidade (concretizado) e criar uma empresa na área da consultoria (em andamento).

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