Homofobia: uma marcha, um manifesto e dois “beijaços”

No Dia Internacional contra a Homofobia, várias associações vão sair à rua. A mensagem inscrita no manifesto é clara: “Não aceitamos concessões nem direitos pela metade”

Um das muitas formas de celebrar a diferença será com os dois momentos guardados para o beijaço Sérgio Azenha
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Um das muitas formas de celebrar a diferença será com os dois momentos guardados para o beijaço Sérgio Azenha
São esperadas cerca de 500 pessoas em Coimbra Paulo Pimenta
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São esperadas cerca de 500 pessoas em Coimbra Paulo Pimenta

É mais uma jornada de “luta pela justiça sexual e pelos direitos humanos”, contra a vergonha e os rótulos, organizada pela Plataforma Anti-Transfobia e Homofobia (PATH) que une nesta quinta-feira, em Coimbra, várias associações e pessoas interessadas.

A convocatória da Plataforma Anti-Transfobia e Homofobia (PATH) apela à união de todos contra a discriminação numa marcha que se realiza esta quinta-feira, à tarde, em Coimbra. O manifesto, subscrito pela rede de associações, promete romper o silêncio e denunciar a falta de reconhecimento de direitos na adopção, na reprodução medicamente assistida e na transexualidade. “Não aceitamos concessões nem direitos pela metade”, dizem. A marcha de luta reserva ainda dois momentos para o “beijaço”.


"É importante dizer que esta marcha não é para homossexuais, transexuais... é para toda a gente que é contra a discriminação e a favor dos direitos humanos, independentemente da sua vida íntima”, avisa Paula Antunes, da Caleidoscópio LGBT, uma das associações não governamentais que que integram a organização da marcha.


Esta é a terceira Marcha de Luta contra a bifobia (fobia a bissexuais), a homofobia (fobia a homossexuais), a intersexofobia (fobia aos intersexuais), a lesbofobia (fobia às lésbicas), a polifobia (fobia ao poliamor – vários parceiros envolvidos em relações amorosas em que todos têm conhecimento uns dos outros) e a transfobia (fobia a transexuais). As expectativas de Paula Antunes apontam para a presença de cerca de 500 pessoas, uma participação “bastante boa se tivermos em conta que se trata de um dia de semana”.


A acção, dizem, pretende ser uma afirmação “contra o preconceito e a exclusão com base na orientação sexual e identidade de género, constituindo-se também como motivo de celebração pelo reconhecimento e pela solidariedade que temos vindo a consolidar”.


Beijos na boca ou na cara


Um das muitas formas de celebrar a diferença será com os dois momentos guardados para o "beijaço". “É uma altura em que todos dão beijos na boca ou na face para mostrarmos que os afectos entre pessoas do mesmo sexo são tão naturais como os que acontecem entre pessoas de sexo diferente”, explica Paula Antunes que faz questão de sublinhar que não se pretende com isto chocar alguém ou fazer espectáculo.


Porém, a marcha será sobretudo uma oportunidade para marcar a agenda do activismo LGBT a nível nacional e lembrar o que ainda faz falta a estas pessoas para que se sintam numa “sociedade mais justa para todos”. O manifesto é claro: “Hoje, lutamos pela despatologização da transexualidade, categorizada como "transtorno da identidade de género", tida como doença mental pela Classificação Internacional de Doenças”. Segundo argumentam, esta classificação “veicula e reforça a discriminação de que são alvo pessoas com uma identidade de género não hegemónica”.


Mais: “Hoje, lutamos ainda pelo reconhecimento da homoparentaliade como o direito a constituir família que, inconstitucionalmente, nos continua a ser vedado. Queremos ver assegurado o direito a sermos pais e mães, seja através da possibilidade de adopção ou da reprodução medicamente assistida”.


O manifesto, que será lido durante a marcha, conclui: “Basta de repressão e basta de perseguição aos homossexuais, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais, transgéneros, intersexos, poliamorosos e outros modos de expressão do género e da sexualidade. Não aceitamos concessões nem direitos pela metade; exigimos o reconhecimento pleno da nossa cidadania íntima e sexual”.


O programa da Marcha marca a concentração para as 17h no Jardim do Mosteiro Santa Clara-a-Velha, a saída pela ponte de Santa Clara em direcção à Portagem às 17h30, a Leitura de Manifesto e o “Beijaço I” às 18h30 na Rua Ferreira Borges e, por fim, a chegada à Praça da República às 19h30 como uma segunda sessão do “Beijaço”.


Depois da marcha há ainda um arraial a começar às 20h no Jardim da Sereia e a “Festa Fora do Armário”, com “show de transformismo”, a partir das 23h no Pop Fresh, junto à Praça da República.

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