Ex-militantes do PC chinês exigem demissão de importante líder político

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Zhou Yongkang é um dos nove homens do poderoso Comité Permanente do Politburo Foto Liu Jin/AFP

Numa carta aberta ao Presidente da China, Hu Jintao, 16 antigos membros do Partido Comunista Chinês pedem a demissão imediata de Zhou Yongkang, um dos nove homens do poderoso Comité Permanente do Politburo ou, numa formulação mais simples e directa, um dos nove políticos mais poderosos do país.

O motivo desta rara tomada de posição pública é a queda de Bo Xilai, o homem a quem muitos apontavam um futuro promissor e cujo lugar na remodelação do Comité Permanente do Politburo, marcada para Novembro, chegou a estar quase garantido – se nada de anormal tivesse acontecido entretanto, Bo iria ser nomeado por Zhou Yongkang, cuja saída já estava programada no âmbito da remodelação que ocorre de dez em dez anos no Politburo.

Mas o que aconteceu entretanto mudou tudo. Bo Xilai foi suspenso no mês passado de todas as suas funções no partido, por "envolvimento em graves violações disciplinares", e a sua mulher, Gu Kailai, foi acusada de ter mandado envenenar o empresário britânico Neil Heywood.

"Exigimos a sua demissão porque Zhou Yongkang é o inspirador do 'modelo de Chongqing' e apoiou Bo Xilai. São mentirosos, são todos da mesma espécie", disse à AFP Zhao Zhengrong, um antigo responsável do partido comunista em Zhaotong, na província de Yunnan.

O chamado "modelo de Chongqing" foi aplicado por Bo Xilai enquanto governador daquela província e baseava-se no reforço da intervenção do Estado em várias áreas, numa espécie de regresso ao maoísmo, indesejado pelos actuais líderes chineses, Hu Jintao e Wen Jiabao, que são mais favoráveis a políticas reformistas. Bo é acusado de ter lançado uma política de combate ao crime organizado que resvalou para a perseguição e tortura de adversários políticos e pessoais.

Apesar da raridade da posição pública contra um membro tão influente do Partido Comunista Chinês, a verdade é que o futuro de Zhou Yongkang já estava em causa antes da divulgação desta carta aberta. No início da semana, o Financial Times escreveu que as funções de Zhou já foram entregues a Meng Jianzhu, actual ministro da Segurança Pública, e que só não será demitido porque "o seu papel como responsável pela segurança significa que tem acesso a segredos de outros líderes, acumulados ao longo dos anos através da rede de espionagem" do país. Segundo os responsáveis citados pelo jornal – que pediram anonimato –, Zhou viu também ser-lhe retirada a prerrogativa de escolher o seu sucessor na remodelação do Comité Permanente do Politburo.

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