Desemprego real próximo dos 20% no primeiro trimestre

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Três irmãos desempregados fotografados para o blogue O Desemprego Tem Rosto Daniel Rocha

A taxa de desemprego real em Portugal rondou os 20% no primeiro trimestre, o que corresponde a mais de um milhão de desempregados, quando se faz as contas incluindo a população que não procurou emprego nas últimas semanas antes de ser inquirida pelo INE.

A diferença é enorme face aos valores oficiais divulgados para a taxa de desemprego, que são de 14,9% para o primeiro trimestre deste ano 14,0% para os últimos três meses do ano passado, e também face ao número de desempregados oficiais, que se situa em respectivamente 819,3 mil e 771 mil.

O INE, bem como as autoridades estatísticas europeias, não consideram como desempregadas as pessoas que declaram que pretendem trabalhar, mas que nas últimas três semanas antes de responderem ao Inquérito ao Emprego não fizeram diligências para encontrar trabalho. No entanto, contabiliza-as, o que permite calcular uma taxa de desemprego mais próxima da realidade.

Assim, adicionando os 202,1 mil inactivos disponíveis e os 90,8 inactivos desencorajados no primeiro trimestre do ano quer aos desempregados quer à população activa, e subtraindo o número de sobreposições de indivíduos que cabem nos dois conceitos (88,2 mil), obteve-se uma taxa de 18%, que tem subjacente 1,024 milhões de desempregados e 5,686 milhões de activos.

O desfasamento da realidade será mais por defeito do que por excesso, pois não entra em conta com o subemprego visível. Considerando que nesta categoria – que corresponde a pessoas sem horário completo e que gostariam de trabalhar mais horas – se encontram também muitas pessoas que trabalham um número de horas de tal modo reduzido que estão numa situação próxima do desemprego, então a taxa real aproxima-se de 20%.

O INE considera inactivos disponíveis as pessoas com 15 ou mais anos que pretendiam trabalhar mas que nas últimas três semanas antes de serem inquiridas não procuraram trabalho, e considera inactivos desencorajados os que estavam também naquela situação mas não procuraram trabalho porque acharam que não valia a pena, por razões como não terem idade apropriada, não terem instrução suficiente, não saberem como procurar ou acharem que não havia empregos disponíveis.

Além disso, calcula também o subemprego visível, que corresponde ao número de pessoas com empregos sem horário completo e que gostariam de trabalhar mais horas. No primeiro trimestre do ano, foram 203 mil.

Parte destas pessoas não poderão ser consideradas propriamente desempregadas, porque terão horários de trabalho que se aproximam do horário completo, mas haverá também casos em que trabalham poucas horas por semana, o que pode corresponder a biscates e cair numa definição mais abrangente de desemprego.

No entanto, o INE não apresenta um quadro de subemprego visível por número de horas trabalhadas, pelo que se optou por não incluir o seu valor na taxa de desemprego real calculada pelo PÚBLICO.

Notícia corrigida às 17h40

, com novo valor da taxa de desemprego real, que passou de 19,3% para 18%. O novo valor resulta de se ter passado a descontar a sobreposição de valores de inactivos disponíveis com inactivos desencorajados.

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