Passos desconhece que Relvas tenha "estreitas ligações políticas" a Silva Carvalho

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Ao PÚBLICO Miguel Relvas não negou ter recebido o projecto de reforma das secretas CCT

Na véspera da audição de Miguel Relvas no Parlamento, Passos respondeu por escrito às questões do BE e do PCP sobre as secretas. Afirma que o ministro “negou” ter "estreitas ligações políticas" com Silva Carvalho.

O primeiro-ministro enviou esta tarde para o PCP e para o BE as respostas às perguntas remetidas pelos dois partidos no âmbito dos resultados do despacho de acusação do Ministério Público relativo às secretas.

Passos Coelho insiste que “não recebeu nem solicitou qualquer plano de reestruturação” dos serviços de informação realizado por Jorge Silva Carvalho, ex-director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED).

Na resposta enviada ao PCP, o primeiro-ministro nega ainda ter convidado Silva Carvalho para assumir as funções de secretário-geral das secretas e diz “não ter conhecimento” de qualquer ligação política de Miguel Relvas a Silva Carvalho, antes e depois de este abandonar o SIED.

Ao PÚBLICO e ao jornal i, Miguel Relvas não negou conhecer o antigo chefe do SIED e também não desmentiu ter recebido o projecto de reforma das secretas, depois das legislativas de 2011, nem a síntese diária de notícias nacionais e internacionais.

Relvas explicou não ter “ideia” de ter recebido o projecto de Silva Carvalho, recordando, porém, que “disso não resultou qualquer interacção”. E acrescentou apenas que Silva Carvalho “não colaborou com o PSD”.

O projecto de reestruturação dos serviços, enviado por Silva Carvalho para Miguel Relvas, consta do processo do Ministério Público, assim como documentos que confirmam o envio diário de súmulas noticiosas para o ministro.

As respostas de Passos Coelho chegaram ao Parlamento quando faltam menos de 24 horas para a audição de Miguel Relvas na 1ª comissão, requerida pelo BE para que o ministro explique as suas ligações a Silva Carvalho.

Respondendo àqueles que, como Marcelo Rebelo de Sousa, pediram a demissão do secretário-geral das secretas, Passos Coelho “reitera” a sua confiança em Júlio Pereira e nos directores gerais do SIED, José Casimiro Morgado, e do SIS, Horácio Pinto.

Sobre as recentes exonerações de dois dirigentes, João Bicho, director geral adjunto do SIED, e Francisco Rodrigues, responsável pelo departamento comum de Segurança, o primeiro-ministro não explica, em resposta ao BE, os motivos destas demissões, limitando-se a afirmar que elas aconteceram no âmbito do fim do processo de investigação por parte do Ministério Público (MP).

Mas nas respostas ao PCP, informa que depois de conhecido o despacho de acusação do MP, Júlio Pereira pediu, na passada quinta-feira, à 9º secção do DIAP (Departamento de Investigação e Acção Criminal) uma certidão de todo o processo. “Tal permitirá (...) adoptar eventuais medidas adicionais que se considerem apropriadas.”

Notícia alterada às 19h18: substitui-se "qualquer relação" por "estreitas ligações políticas, altera-se o título e retira-se "isso contradiz a acusação do Ministério Público"
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