“Rafa”, curta-metragem de João Salaviza, já está no cinema

Três meses depois de ter sido distinguido em Berlim com o Urso de Ouro de melhor curta-metragem, a curta-metragem de Salaviza chega aos cinemas

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Salaviza tem 27 anos e já foi premiado em vários festivais Tobias Schwarz

A curta-metragem “Rafa”, do realizador João Salaviza, premiada com o Urso de Ouro no festival de Berlim, estreia-se hoje, quinta-feira, juntamente com o filme “Nana”, de Valerie Massadian. De acordo com a produtora Midas Filmes, o filme de Salaviza terá estreia comercial numa sala de cinema em Lisboa e noutra em Gaia.

Está prevista ainda uma exibição dos dois filmes no sábado, em Almada, Aveiro, Braga e Coimbra, seguindo-se depois apresentações em itinerância em Ponta Delgada (dia 14), Barcelos (dia 16), Castelo Branco (dia 17), Vila do Conde (dia 27) e Póvoa de Varzim (dia 31).

“Rafa” estreia-se nos cinemas três meses depois de ter sido distinguido em Berlim com o Urso de Ouro de melhor curta-metragem. O filme é protagonizado por Rodrigo Perdigão, no papel de um adolescente da margem sul do Tejo que viaja até Lisboa para ir ter com a mãe, que foi detida por causa de um acidente de automóvel.

"Rafa" encerra trilogia de Salaviza

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Miguel Gomes e Gonçalo Tocha e João Salaviza estiveram no Parlamento Pedro Cunha

Essa travessia na ponte sobre o Tejo e a deambulação pela cidade, ao longo de todo o dia, representam uma espécie de transição da zona de conforto para uma certa maturidade, explicou João Salaviza à agência Lusa, quando o filme teve estreia em Berlim. Na verdade, “Rafa” encerra uma trilogia que se foi desenhando na cabeça de João Salaviza, sem que tivesse sido pensada, juntando-se a “Arena” e “Cerro Negro”.

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Rafa, filme de Salaviza, terá estreia comercial numa sala de cinema em Lisboa e noutra em Gaia Enric Vives-Rubio

O filme “aborda as mesmas questões de ‘Arena’: uma certa dificuldade de o indivíduo existir dentro de uma coisa mais abrangente que é a sociedade”. Em ambos há “um desejo dos protagonistas de inserção numa sociedade e foca-se no desencontro entre indivíduos e instituições”, referiu.

“Arena” conquistou em 2009 a Palma de Ouro do festival de cinema de Cannes, em França. “Cerro Negro”, feito no âmbito do programa da Gulbenkian “Próximo Futuro”, valeu esta semana a Salaviza o prémio de melhor realizador no festival IndieLisboa. São várias distinções para um realizador que, aos 27 anos, quer agora fazer uma longa-metragem e que lamenta a falta de apoios ao cinema português.

Cinema vive "período de coma"

Na terça-feira, João Salaviza, acompanhado dos realizadores Miguel Gomes e Gonçalo Tocha, disse aos deputados no Parlamento que o cinema português vive “um período de coma”, porque os apoios do Instituto do Cinema e do Audiovisual estão suspensos e está por aprovar uma nova lei para o sector.

Em Fevereiro, em Berlim, na cerimónia de entrega dos prémios, João Salaviza dedicou o Urso de Ouro ao governo português: “Mas só na condição de nos ajudarem nos próximos anos, porque não sabemos o que vai acontecer com o nosso cinema”.

“Rafa” terá estreia comercial em complemento ao filme “Nana”, estreia da realizadora francesa Valerie Massadian, que se debruça sobre a infância, a partir da história de uma criança que é deixada sozinha em casa, numa floresta, pela mãe. Valerie Massadian recebeu um prémio de primeira obra, pelo filme, no festival de cinema de Locarno, na Suíça.

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