Pequeno partido abre porta a Governo na Grécia mas defende uma coligação alargada

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Venizelos (à esquerda) e Fotis Kouvelis reuniram-se nesta quinta-feira para debater uma solução política Yorgos Karahalis/Reuters

O líder do pequeno partido grego Esquerda Democrática, Fotis Kouvelis, admitiu integrar o próximo Governo da Grécia, o que abre uma hipótese de solução para a crise política no país, mas defendeu uma coligação alargada. O líder dos socialistas do PASOK, Evangelos Venizelos, mandatado para formar Governo, saudou esta posição, que considerou “um pequeno passo”.

“Proponho a formação de um Governo alargado que respeite o mandato do povo”, defendeu Fotis Kouvelis após um encontro com Venizelos. O líder do PASOK tem três dias para formar Governo, mas já admitiu algum cepticismo após duas tentativas falhadas de chegar a entendimento.

Os últimos dias foram de tensão e de telefonemas de líderes europeus a garantirem que, se a Grécia não mantiver os compromissos assumidos no memorando, não continuará a chegar dinheiro aos cofres de Atenas. Para já não houve ainda qualquer acordo e desconhece-se se a posição agora assumida pelo Esquerda Democrática terá consequências.

Fruto de uma cisão do Syriza, o partido de esquerda radical que na véspera tinha declarado que não conseguia formar Governo, o Esquerda Democrática emitiu um comunicado dizendo que a liderança do Syriza arriscaria a levar o país à bancarrota ao insistir que o memorando assinado com a troika não tem validade. Antes, o partido tinha recusado participar em qualquer coligação que não incluísse o Syriza.

Depois das eleições inconclusivas, o Presidente Carolos Papoulias tinha encarregue o líder da Nova Democracia, Antonis Samaras, de formar Governo. Este desistiu após algumas horas. Seguiu-se o líder da Coligação de Esquerda Radical (Syriza), Alexis Tsipras, o segundo mais votado. Foi a primeira vez, após 1974, que um partido que não o Nova Democracia ou PASOK foi encarregue formalmente de forjar uma coligação. Tsipras também desistiu (culpando o bónus de 50 deputados extra dados ao partido vencedor. Sem ele, argumentou, a esquerda conseguiria formar Governo). Finalmente hoje a bola passou para o líder do PASOK, Evangelos Venizelos.

À saída do palácio presidencial, onde foi mandatado para formar Governo, Venizelos admitiu algum cepticismo após o fracasso das negociações dos últimos dias. “Não estou optimista, as coisas não são fáceis”, disse aos jornalistas. No entanto, sublinhou, “a população quer estabilidade, a manutenção no euro e evitar novas eleições”.

Quando todos esperavam uma repetição das eleições para Junho, a aparente mudança de posição da Esquerda Democrática parece dar uma hipótese de um Governo, mesmo que fraco. O partido Esquerda Democrática obteve cerca de 6% dos votos e terá 19 deputados. Fez campanha defendendo as metas de redução da despesa do memorando mas sublinhando que estas deviam ser conseguidas através de outras medidas.

O Nova Democracia foi o partido mais votado, com 18,85% dos votos, o que lhe dá 108 deputados (contando com o bónus de 50 deputados extra atribuído ao vencedor). O partido de centro-esquerda PASOK, que caiu de primeira para terceira força política, obteve 13,18% dos votos. Mesmo que coligados, os dois partidos teriam apenas 149 deputados num parlamento de 300 lugares. Com os 19 deputados do Esquerda Democrática teriam uma maioria, mas falta saber se esta formação não irá pretender uma coligação mais alargada que inviabilize um acordo.

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