Breivik "ria-se alto a cada disparo"

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Breivik poderá ser condenado a 21 anos de prisão Daniel Sannum Lauten/AFP

Tonje Brenna, a líder dos jovens trabalhistas noruegueses, fez-se de morta. Garante que ouviu Anders Breivik gritar: “Whooo!”. Depois do autor confesso dos massacres na Noruega e dos familiares dos que morreram, chegou a vez de os sobreviventes testemunharem no Tribunal de Oslo.

“Estava gelada e molhada e coberta de sangue. Pensei que era uma questão de tempo até ser alvejada”, contou aos juízes Tonje Brenna. Naquele dia, 22 de Julho do ano passado, ela e muitos outros jovens trabalhistas estavam num encontro do partido na ilha de Utoya, a 30 minutos de Oslo, quando Anders Breivik ali chegou e começou a disparar. Morreram 69 pessoas, na maioria jovens, já tinham morrido outras oito em Oslo, num ataque junto à sede do Governo.

A líder dos jovens trabalhistas noruegueses diz que ouviu vários gritos de Breivik. Ouviu-o rir. “Ria-se alto a cada disparo. E quando atingia alguém que tentava fugir e subia pela colina gritava”. Eram gritos de regozijo, garante, ainda que Breivik tenha negado no seu depoimento qualquer manifestação de alegria.

O tribunal está a avaliar a condição psiquiátrica de Breivik, o que será determinante para decidir se cumprirá pena numa prisão ou se será internado num hospital psiquiátrico, uma possibilidade que o próprio rejeita. Breivik quer ser considerado capaz de ser responsabilizado pelos seus actos, admitiu os assassínios mas não a responsabilidade criminal e considera que o Partido Trabalhista é “um alvo legítimo” por defender o multiculturalismo.

Num tom claro e determinado, Brenna contou como viveu as horas do massacre. “Estou absolutamente certa de que ouvi gritos de alegria”. Houve quem fugisse, quem procurasse um esconderijo e pegasse no telefone. “As pessoas estavam a ligar para casa para se despedir”. Enquanto isso, a líder dos jovens trabalhistas procurava acalmar os que estavam mais perto e dar-lhe coragem. “Amanhã estaremos no calor da nossa casa a assistir ao filme da noite com os nossos pais e a comer pipocas”, disse.

Como Breivik estava vestido com um uniforme militar, muitas das pessoas que se conseguiram esconder ficaram com medo de sair quando a polícia chegou ao local.

Declarado psicótico num primeiro relatório de avaliação, Breivik aguarda agora por um novo parecer de psiquiatras e já disse que prefere morrer a ser considerado inimputável. Não quer ver a sua ideologia extremista posta em causa por um diagnóstico, e se for considerado que é responsável pelos seus actos poderá ser condenado a 21 anos de prisão, uma pena que poderá ser prolongada.

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