Associação de Parmiloidose convoca manifestação se Tafamidis não for disponibilizado aos doentes

A Associação Portuguesa de Paramiloidose (APP) avisa o Ministério da Saúde que se o Tafamidis não for disponibilizado nos próximos dias aos doentes com aquela patologia será convocada uma manifestação. O protesto é contra a indecisão do Governo em facultar o acesso daquele medicamento aos doentes com polineuropatia amiloidótica familiar (paramiloidose).

“Vamos organizar uma manifestação para dizer basta, porque nos nossos doentes estão a morrer todos os dias”, declarou hoje ao PÚBLICO Carlos Figueiras, presidente da APP, afirmando que o ministro da Saúde, Paulo Mendo, prometeu que o Tafamidis, o único medicamento aprovado para aquela patologia, “estaria disponível em Abril”.

Carlos Figueiras reagia à decisão da maioria PSD/CDS-PP, que hoje chumbou um pedido do PS para que o ministro da Saúde, Paulo Macedo, seja ouvido com urgência na comissão parlamentar de Saúde sobre a questão do acesso do Tafamidis aos doentes portugueses que sofrem daquela doença.

O PSD pela voz do deputado Miguel Santos considera que a ida do ministro ao Parlamento pode dificultar as negociações em curso com a indústria farmacêutica, um argumento que o ex-secretário de Estado da Saúde e actual deputado do PS, Manuel Pizarro, rejeita liminarmente. Para Manuel Pizarro, “o Governo está empenhado em protelar uma decisão sobre o acesso ao Tafamidis, porque quanto mais retardar a decisão mais poupa”.

"O atraso na decisão é difícil de compreender por parte dos doentes, mas o que de todo em todo é inaceitável é que o Governo fuja a dar explicações ao Parlamento e às pessoas", disse o ex-secretário de Estado da Saúde.

A este propósito, Manuel Pizarro recuperou as declarações do ministro feitas na audição parlamentar, realizada na comissão de Saúde em Janeiro, na qual “Paulo Macedo previu que o assunto ficaria resolvido durante o mês de Fevereiro”. O deputado socialista disse ainda que mais tarde, “no início de Abril, no decurso de uma declaração política em matéria de política de saúde, o deputado do Serpa Oliva, do CDS/PP, anunciou que o assunto estava resolvido”.

Pizarro lamenta que “meio ano passado sobre a aprovação do Tafamidis pela Comissão Europeia, os doentes portugueses continuam privados do acesso a um medicamento que não tem alternativa”. O presidente da Associação Portuguesa de Paramiloidose afirma ainda que “neste momento os doentes só esperam que o medicamento seja disponibilizado no Serviço Nacional de Saúde o quanto antes, isto é, que as farmácias dos hospitais de Santo António (Porto) e de Santa Maria (em Lisboa), tenham o medicamento disponível para os médicos o poderem prescrever”.

Carlos Figueiras refere que o “problema técnico jurídico” entre a empresa farmacêutica com quem o Ministério da Saúde negociou o Tafamidis, está ultrapassado e que “a Pfizer já informou que estaria disponível para assinar o contrato com o Ministério da Saúde nos termos em que fora negociado”. A palavra cabe agora ao ministro da Saúde, salienta Carlos Figueiras.

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