Liga blanca

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A festa do golo Foto: Felix Ordonez/Reuters

Real Madrid vence em Bilbau com um golo de Ronaldo (0-3) e sai do País Basco com o 32.º título da história. José Mourinho sagra-se campeão em quatro países diferentes

Pep Guardiola estava no hospital quando recebeu o convite para ser treinador principal do Barcelona. O catalão treinava a equipa B e hesitou, mas o coração bateu mais forte e aceitou o desafio. Substituiu o holandês Rijkaard e, no dia 8 de Maio de 2008, o presidente Laporta pôde anunciar o seu nome. O Barça desatou a ganhar, varreu tudo, campeonatos (três), Champions (duas), Mundial de Clubes (dois), enquanto o rival Real definhava em Madrid. Para pôr um fim ao reinado déspota de Pep, Florentino Pérez foi buscar para o seu clube "o melhor treinador do mundo", como disse na sua apresentação a 31 de Maio de 2010 – ontem, José Mourinho saiu do País Basco com o título de campeão espanhol.

A vitória em Bilbau sobre o Athletic por 0-3 deu o campeonato aos blancos, que assim quebraram uma série de três anos de hegemonia do Barcelona. E fez desatar a euforia na capital de Espanha. A fonte Cibeles, símbolo maior da festa merengue, rapidamente foi inundada por milhares de pessoas.

Há um ano festejaram ali o primeiro, e até ontem o único, título da era-Mourinho, que foi a Taça do Rei. Mas soube a pouco no imenso orgulho dos adeptos do Real.

Mourinho não desistiu e fez o que sempre fez nas equipas que treinou – excepção para o Benfica (um curto período de 11 jogos) e Leiria (apenas meia temporada) – sagrou-se campeão. Tinha sido assim com o FC Porto, Chelsea e Inter de Milão. Com o Real Madrid fê-lo na segunda época: "As minhas equipas são sempre melhores nas segundas temporadas", disse um dia o português.

Para isso, o Real teve de ir a Camp Nou destronar o rei com uma vitória por 1-2 à 35.ª jornada, ficando com a Liga a um passo, graças aos 7 pontos de vantagem. Ontem, encerrou as contas a duas rondas do final.

Com 49 anos, Mourinho foi campeão em quatro países diferentes e igualou os feitos de Ernst Happel (o austríaco venceu na Áustria, Holanda, Bélgica e Alemanha) e Giovanni Trapattoni (o italiano ganhou a Série A, Alemanha, Portugal e Áustria). Mas o português foi melhor na sua tarefa: fê-lo nas três Ligas mais difíceis da Europa.

O Barcelona tinha ganho o seu jogo (4-1 ao Málaga) e obrigava o Real a vencer se quisesse festejar já o título. Ambos os clubes caíram eliminados nas meias-finais da Champions e o consolo virou-se para a Liga espanhola.

Ronaldo 44, Messi 46

O Barça não só ganhou como o fez com a arte goleadora de Messi: o argentino marcou três golos (46 golos no campeonato) e fugiu a Ronaldo (chegou a San Mamés com 43).

O primeiro grande momento saiu dos pés do português, mas o penálti saiu direito aos pés de Iraizoz – o guarda-redes basco não havia defendido nenhuma das 29 grandes penalidades anteriores e Ronaldo não falhava há 22 seguidas na Liga espanhola.

Seria Higuaín a abrir a noite. O argentino que tinha marcado o golo do último título do Real Madrid (no dia 4 de Maio de 2008, em Pamplona) apontou agora o primeiro. E deixou as portas do San Mamés abertas à festa no mesmo sítio em que o Real já tinha festejado em 1980 e 2003.

Depois foi Ozil, ainda na primeira parte, a fazer o 0-2, com assistência de Ronaldo. E o português marcaria o último, um remate colocado de cabeça, deixando a luta pelo Pichichi ainda em aberto (44 contra os 46 de Messi) para os jogos com o Granada e Maiorca – os maiorquinos são a única equipa que esta época não sofreu golos do camisola 7 madridista, um recorde ainda possível para o português.

Notícia substituída no dia 03-05-2012, às 8h18Veja os golos
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