Terrenos da Exponor vão receber lojas, escritórios e restauração

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A AEP preconiza um investimento de 15 milhões de euros na modernização da Exponor paulo ricca

Câmara de Matosinhos assinou ontem um contrato de desoneração de terrenos que permitirá à AEP dar um uso diferente do previsto a uma área de 35.000 m2. Um passo essencial para salvar as finanças da AEP

O presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, assinou ontem um contrato que permitirá à AEP - Associação Empresarial de Portugal dar um destino diferente do inicialmente previsto a aproximadamente 35.000 m2 de terreno da Exponor. Este espaço deveria reverter para a Câmara de Matosinhos, no caso de lhe ser atribuído um uso diferente do que foi inicialmente determinado - o apoio às funções da Exponor. Com a eliminação da cláusula de reversão ontem contratualizada, a AEP já poderá desenvolver ali uma operação imobiliária que a deverá salvar financeiramente. No terreno agora desonerado (a que corresponde parte do estacionamento), está previsto surgirem lojas, escritórios, serviços e restauração.

A desoneração era essencial para que a AEP pudesse constituir uma Sociedade de Investimento Imobiliário Heterogerida (a designação deve-se ao facto de ter no conselho de administração a AEP, a banca e a Fundbox, sociedade gestora de sociedades deste tipo). A sociedade tornar-se-á dona da Exponor, pagando à AEP 70 milhões de euros. Com este montante, a AEP pretende liquidar a sua dívida bancária de 56 milhões de euros e investir 15 milhões na modernização da Exponor, adaptando-a às tendências actuais em que também as exposições são muitas vezes virtuais.

Após a assinatura do contrato de desoneração, Guilherme Pinto disse aos jornalistas que foi "com muito prazer" que a Câmara de Matosinhos acompanhou "este gesto decisivo para a Exponor". Segundo o autarca, a Exponor "é decisiva para o Norte do país" e uma "janela por onde passa a capacidade produtiva do Norte".

Por seu turno, o presidente da AEP, José António Barros, adiantou que a constituição do referido fundo imobiliário "está iminente". O processo dará entrada na Comissão de Mercados de Valores Mobiliários durante este mês e, "em Junho, estará completo". O responsável referiu ainda que, de seguida, apresentar-se-á um pedido de entrada em bolsa do novo fundo. Para o dirigente da AEP, a solução encontrada pela associação para resolver os seus problemas financeiros "poderá ser um exemplo, uma referência a seguir por outras empresas da região".

José António Barros adianta que, com esta alteração, a própria AEP vai ter de pagar para realizar exposições na Exponor. "Pelo contrário, os custos de manutenção passam a ser da sociedade", contrapõe. Isto permitirá também que outras entidades possam realizar certames na Exponor, enquanto, até aqui, era sempre a AEP a realizar os eventos.

Questionado sobre a possibilidade de os terrenos agora desonerados poderem vir a receber mais um centro comercial, José António Barros rejeitou a hipótese, até pela proximidade de dois grandes equipamentos do género. "Haverá, com certeza, espaços de restauração, comerciais e de serviço", resumiu. O responsável da AEP recordou ainda o facto de a Exponor dispor de um auditório que poderia, por exemplo, proporcionar espectáculos musicais aos passageiros chegados ao terminal de cruzeiros de Leixões.

Quem está menos entusiasmado com a ideia é o presidente da concelhia local do PSD, Pedro da Vinha Costa, que antevê para o espaço da Exponor o nascimento de um "hotel e um centro comercial". Recentemente, em conferência de imprensa, o social-democrata pediu uma investigação por parte da Procuradoria-Geral da República sobre a desoneração proporcionada pela autarquia matosinhense. "A câmara agora dá terrenos para hotéis e uma zona comercial? Porque é que dá à AEP e não dá a outras instituições?", questionou ontem Pedro da Vinha Costa, em declarações ao PÚBLICO.

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