Complexo de piscinas pode fechar nas próximas semanas por dívidas de gás

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A infra-estrutura tem uma notável história desportiva e também serve a população MANUEL ROBERTO

Colectividade que completou 80 anos de existência em Novembro está sem meios para pagar as contas. Autarquia de Vila Franca garante que irá prestar apoio técnico na manutenção dos equipamentos

As Piscinas Baptista Pereira poderão fechar nas próximas semanas, caso não seja encontrada uma forma de reduzir a dívida superior a 70 mil euros para com a empresa fornecedora de gás. A direcção do Alhandra Sporting Club (ASC) deverá reunir-se esta semana com a Câmara de Vila Franca de Xira, que sugere a utilização dos 24 mil euros a atribuir pelo programa municipal de apoio ao movimento associativo para amortizar a dívida, mas os responsáveis do clube sublinham que essas verbas se destinam a manter em actividade as secções de natação e triatlo, vela e futebol.

Rui Macieira, presidente do ASC, admite que o clube propôs à câmara uma parceria segundo a qual continuaria a gerir a parte desportiva do complexo de piscinas, e a autarquia ficava com a parte social das piscinas (utilização por escolas e população). "Necessitamos de uma parceria para resolver a situação financeira", referiu o dirigente, estimando que o défice mensal de exploração ronde os dois mil euros. A diferença resulta mais dos encargos associados à construção e não do funcionamento do complexo inaugurado em 2003.

O também dirigente Rudolfo Rebelo realça que as piscinas do Alhandra são as únicas do concelho que "fazem campeões", destacando os múltiplos títulos nacionais já alcançados pelas equipas de triatlo do ASC e a prestação de João Pereira, que deverá ser um dos representantes de Portugal na modalidade de triatlo nos próximos Jogos Olímpicos de Londres.

Diversas piscinas municipais

Maria da Luz Rosinha, presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, recorda que foram os sócios do Alhandra, em assembleia geral, que decidiram que o clube avançaria sozinho para a construção e gestão das piscinas. E sugere que, tendo o município seis complexos de piscinas, um deles com gestão concessionada e outro encerrado por falta de utilizadores, tem dificuldade em abrir, agora, um precedente e envolver-se na gestão de um equipamento privado.

"O Alhandra veio pedir à câmara uma prestação mensal para sustentar as piscinas. A câmara, neste momento, tem reuniões todos os dias com o movimento associativo em dificuldades, são situações que se vão multiplicando. E os números das dívidas dos clubes à câmara pela utilização de equipamentos têm crescido exponencialmente", alertou a autarca do PS, frisando que a autarquia já atribui uma verba mensal da ordem dos 700 euros para o funcionamento das piscinas do ASC.

"A situação não se afigura nada fácil", sustenta, explicando que, caso não haja condições para manter as piscinas de Alhandra, a câmara irá garantir espaço idêntico nas piscinas de Vila Franca para utilização dos atletas do ASC. A autarquia até já procurou perceber se um grande clube poderia estar interessado em apoiar as piscinas do Alhandra para evitar o seu encerramento.

A dificuldade na obtenção de receitas tem sido cada vez maior por parte das colectividades, o que obriga a uma gestão cada vez mais exigente, nota o vereador responsável pelo apoio ao movimento associativo, Fernando Paulo Ferreira. "Faria eventualmente sentido que a direcção do Alhandra e todas as secções pudessem ponderar a utilização do valor do Programa de Apoio ao Movimento Associativo (cerca de 24 mil euros) no saldar desta dívida do gás que põe hoje em causa a continuidade das piscinas", rematou o eleito do PS.

Uma petição foi lançada na Internet em defesa das Piscinas Baptista Pereira, que têm actualmente cerca de 500 utentes, sem contar com as crianças das instituições e escolas locais, apelando à câmara para que tome medidas "para evitar o encerramento" do equipamento.

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