Lisboa também tem uma casa com "ocupas" activistas

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O prédio está muito degradado Foto Pedro Maia

Depois de a escola ocupada no Porto ter sido despejada pelas autoridades, é a vez de os "ocupas" de Lisboa mostrarem que também estão vivos, e solidários com os do Norte. Um grupo maioritariamente composto por pessoas na casa dos 30 anos ocupou, na quarta-feira à noite, um prédio camarário devoluto muito degradado junto às urgências do Hospital de São José, na Rua de São Lázaro.

Segundo o comandante da Polícia Municipal, André Gomes, os ocupantes vão ser notificados para deixarem o edifício, tendo dez dias a partir daí para o fazerem. "Se não saírem, temos de os tirar de lá coercivamente." Isso só não acontecerá se a câmara permitir, enquanto proprietária, que os "ocupas" lá permaneçam, acrescentou. A vereadora da Habitação, a quem caberá tomar uma decisão, já fez saber que a situação não lhe agrada: "Há várias formas de demonstrar solidariedade sem ser a pôr um pé em cima dos direitos dos outros", criticou Helena Roseta, acrescentando que "quem precisa de habitação ou espaço para actividades pode candidatar-se e pedir à câmara, seguindo os regulamentos" e "sem passar por cima de outras pessoas". Ainda assim, a autarca quer reunir-se com os responsáveis pela ocupação para lhes dizer que "assim não pode ser", mas também para conhecer "as suas ideias". "A câmara tem muitos espaços devolutos e se eles têm ideias para esses espaços, que as transmitam. Mas não assim", declarou.

Ontem, os intrusos passaram a tarde em limpezas do 1.º andar do n.º 94 da Rua de São Lázaro - que, aliás, já havia sido ocupado durante dois dias em 2010. No blogue que criaram (saolazaro94.blogspot.pt), os ocupantes pedem ajuda: precisam de água potável, comida, mantas, colchões e papel higiénico, entre outras coisas. Sobre os seus planos, parece não haver ainda consenso no próprio grupo. Uma "ocupa" citada pela Lusa fala em projectos "culturais, sociais e educativos", como workshops de carpintaria e de pintura, para "tirar as pessoas da rua e ensinar profissões". Mas outro membro do grupo disse ao PÚBLICO que nada tinha sido decidido nesse sentido e que o principal objectivo era, no seu entender, mostrar como as entidades públicas mantêm devolutos e negligenciados imóveis que poderiam ser usados pela comunidade.

Rui Rio sobre escola da Fontinha

O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, não quis ontem confirmar se o projecto que o município quer instalar no edifício da antiga escola do Alto da Fontinha - de onde o movimento Es.Col.A foi despejado no passado dia 19 de Abril -é uma "Loja Social", que congregue no mesmo espaço várias associações da cidade. Questionado sobre essa possibilidade, à margem de uma conferência de imprensa da Junta Metropolitana do Porto, Rio limitou-se a dizer: "Sempre disse que tinha um projecto social para ali." Anteontem, na assembleia do Es.Col.A, a responsável de uma associação explicou ter sido chamada para uma reunião com responsáveis autárquicos que lhe perguntaram se queria ocupar uma sala numa espécie de "Loja Social" que iria nascer "entre a câmara e o Marquês", disse. A decisão de Rui Rio de despejar o Es.Col.A levou já a um apelo no Facebook para que a página do autarca seja denunciada por "roubo ou vandalismo", o que poderá levar ao seu bloqueio.

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