Bo Xilai acusado de colocar telefone do Presidente chinês sob escuta

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Bo Xilai foi afastado numa altura em que estaria próximo de chegar ao topo da hierarquia do PCC Jason Lee/Reuters

O maior escândalo político das últimas décadas na China não está esgotado. O afastamento de uma das mais influentes figuras do país, Bo Xilai, pode estar relacionado com mais do que apenas o assassinato do empresário britânico Neil Heywood. O antigo secretário do Partido Comunista em Chongqing é agora acusado de colocar sob escuta o telefone de Hu Jintao.

As escutas foram descobertas em Agosto, quando o Presidente da China telefonou a um responsável do combate à corrupção no país que estava de visita a Chongqing, a megacidade com 30 milhões de habitantes que era então governada por Bo Xilai. O jornal norte-americano The New York Times, que dá a notícia, escreve que foi nessa altura que, através de “dispositivos especiais”, a equipa de segurança de Hu Jintao descobriu as escutas.

A investigação determinou que a origem das escutas era precisamente Chongqing e que não era apenas o Presidente a ser espiado, também o eram vários outros dirigentes de topo na China. O jornal cita “quase uma dúzia de pessoas com ligações ao partido [comunista chinês]”. Sob anonimato todas “confirmam as escutas, assim como um programa de escutas generalizado em Chongqing”. Oficialmente, a informação não é confirmada.

O que é público – e confirmado por membros de topo do PCC, incluindo alguns com ligações à Forças Armadas – é que Bo Xilai construiu, “há vários anos”, com o seu antigo chefe da polícia, Wang Lijun, um sistema de vigilância financiado pelo Estado com o objectivo de combater o crime e de manter a estabilidade política em Chongqing. Juntos instalaram “um abrangente sistema de escutas cobrindo desde telecomunicações até à Internet”.

“Toda a gente na China está a melhorar os seus sistemas com o objectivo de manter a estabilidade”, afirmou um funcionário de um gabinete de informação do Governo chinês. “Mas nunca ninguém se atreveu a vigiar os principais líderes partidários.” Que tenha sido Bo Xilai a “atrever-se” não é de todo surpreendente, uma vez que este “príncipe vermelho” há muito confrontava as principais figuras de Pequim. Apontado aos mais altos cargos governativos do país, este “neomaoísta” não estava de acordo com as decisões mais progressistas do partido.

Aos 62 anos, Bo Xilai foi afastado em Março do governo de Chongqing. A princípio, o assassinato do empresário britânico Neil Heywood – envenenado por ter ameaçado revelar o plano da mulher do político chinês para transferir dinheiro para uma conta no estrangeiro – parecia estar no centro do escândalo. O que conduziu também à demissão do chefe da polícia de Chongqing, Wang Lijun.Mas agora acrescenta-se à história um importante capítulo: o do “atrevimento” de Bo Xilai.

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