Sacos recicláveis ganham terreno mas Quercus insiste no fim dos gratuitos

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Nos últimos anos, algumas cadeias de hiper e supermercados passaram a vender sacos reutilizáveis Enric Vives-Rubio

Os consumidores têm aderido aos sacos ecológicos, até porque alguns supermercados passaram a vender os sacos de plástico, mas os ambientalistas insistem no fim dos sacos gratuitos e no hábito de ser o próprio consumidor a levar o seu saco de compras.

Segundo a associação ambientalista Quercus, o plástico é um dos casos mais graves de poluição porque, se não for devidamente reciclado, permanece no ambiente muitos anos.

O caso mais grave apontado pelos ecologistas é a presença de plástico no mar, onde é confundido com alimento e ingerido por animais que, como consequência, acabam por morrer.

Nos últimos anos, algumas cadeias de hiper e supermercados passaram a vender sacos reutilizáveis, de matérias ecológicas, e nalguns casos deixaram de oferecer os sacos de plástico para os clientes transportarem as compras, como o Lidl, que desde a sua entrada no mercado nacional, em 1995, vende os seus sacos, ou o Pingo Doce, que passou a cobrar em 2007.

A directora da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), Ana Trigo Morais, disse à Lusa que os seus associados “têm disponibilizado soluções variadas que passam por gamas de sacos reutilizáveis, sacos com design moderno ou carrinhos para levar compras para casa”.

Para Ana Trigo Morais, os sacos reutilizáveis são uma tendência que “veio para ficar” e os consumidores portugueses “têm dado uma nota muito positiva de adesão” e de preocupação com o consumo sustentável, nomeadamente em matéria de sacos de plástico.

Carmen Lima, da Quercus, lembrou que os consumidores se desabituaram de levar saco quando vão às compras, a partir do momento em que passou a ser oferecido. Por isso, a associação ambientalista defende uma alteração gradual no sentido de acabar com a distribuição gratuita de sacos de plástico em 2015.

“Não somos a favor de uma mudança radical. Já há alguns super e hipermercados que deixaram de dar os sacos plásticos e os clientes vão-se habituando. Até porque os sacos oferecidos são desvalorizados”, disse à Lusa Carmen Lima.

Para os ambientalistas, “o mais importante nem é o tipo de material utilizado nos sacos, mas sim mudar o hábito e reeducar os consumidores” e, para isso, as empresas têm apresentado algumas alternativas.

O Lidl e o Pingo Doce são exemplos de supermercados que não oferecem sacos. No primeiro caso, cobra quatro cêntimos por cada um e no segundo dois cêntimos.

Os sacos reutilizáveis, mais duradouros, que custam 50 cêntimos na cadeia alemã, “também têm uma grande aceitação por parte dos clientes”, segundo fonte do Lidl.

Em resposta a questões da Lusa, fonte do Pingo Doce disse que, desde 2007 até final do ano passado, o consumo de sacos na cadeia de supermercados do grupo Jerónimo Martins diminuiu 47%.

Este decréscimo “permitiu que se reduzissem 7.667 toneladas de sacos depositados em aterro e 15.265 toneladas de emissões de dióxido de carbono”, realçou o Pingo Doce.

O grupo Auchan, que tem as lojas Jumbo, avançou com as eco-caixas, nas quais não são distribuídos sacos gratuitos, ao contrário do que acontece nas restantes caixas de pagamento.

As medidas de sensibilização “criaram junto dos clientes uma maior preocupação em relação ao ambiente, o que se reflecte numa redução de 15% nos sacos distribuídos gratuitamente em 2011 face a 2010”, referiu a Auchan.

Em 2002, a APED e o conjunto dos seus associados lançaram o saco ecológico, que “é reutilizável e tem grande capacidade de resistência no tempo”.

Desde 2002 até 2011, a APED diz ter sido responsável pela introdução no mercado de “cerca de 10 milhões de sacos amigos do ambiente”.

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