Chelsea sacrificou tudo para eliminar o campeão e atingir a final de Munique

Ramires marcou pelo Chelsea
Fotogaleria
Ramires marcou pelo Chelsea Josep Lago/AFP
Messi dispôs de um penálti, mas atirou à trave
Fotogaleria
Messi dispôs de um penálti, mas atirou à trave Foto: Adrian Dennis/AFP
Messi cabisbaixo, após a derrota
Fotogaleria
Messi cabisbaixo, após a derrota Josep Lago/AFP
Torres marcou o golo do empate, mesmo no fim do jogo
Fotogaleria
Torres marcou o golo do empate, mesmo no fim do jogo Adrian Dennis/AFP
Piqué lesionou-se e teve de ir ao hospital
Fotogaleria
Piqué lesionou-se e teve de ir ao hospital Josep Lago/AFP
Terry foi expulso aos 37 minutos, por uma joelhada em Alexis Sánchez
Fotogaleria
Terry foi expulso aos 37 minutos, por uma joelhada em Alexis Sánchez Foto: Adrian Dennis/AFP

O Barcelona ficou sem a Liga espanhola e a Liga dos Campeões em três dias. Estes são os tempos mais negros do consulado de Guardiola. Nesta terça-feira, os "blaugrana" só estiveram à frente na eliminatória durante três minutos, até que um grande golo de Ramires anulou os de Busquets e Iniesta, tudo antes do intervalo.

Nem a superioridade numérica desde a expulsão de Terry aos 37 minutos conseguiu dar ao Barça alento para ultrapassar o muro inglês: um penálti falhado por Messi, aos 49’, fez despertar os nervos no Camp Nou, que viu Torres nos descontos correr todo o campo adversário para fazer o golo do empate (2-2) e coroar de êxito a entrada na final de Munique.

Os deuses necessitam dos sacrifícios para a sua manutenção no poder, utilizados para realizar essa troca, uma retribuição da vida e do sangue das vítimas como bode expiatório, um alvo para a ira celestial. Foi o que Chelsea fez: participou nessa cerimónia, prescindiu do jogo e da bola (o Barça teve 73% de posse), fez-se parcimonioso nos remates (4 contra 12 do adversário) e abriu mão dos seus jogadores: Terry, Ramires, Meireles e Ivanovic vão todos falhar a final de 19 de Maio.

Os rituais repetem-se e os sacrificados também. Nesta caminhada para a segunda final da história do Chelsea, foi Villas-Boas o maior sacrificado à ira desse “deus” que caminha por Londres, Roman Abramovich. O multimilionário já o tinha feito em 2007-08, quando despediu José Mourinho e colocou no seu lugar Avram Grant — o israelita perderia nos penáltis para o Man. United a final de Moscovo. Agora, não teve piedade e acabou com o reinado de oito meses de Villas-Boas, substituiu-o pelo italo-suíço Di Matteo quando o português perdeu 3-1 em Nápoles no primeiro jogo dos oitavos-de-final.

Roberto Di Matteo foi abraçado pelos fiéis de Stamford Bridge e deu a volta à eliminatória (4-1 no prolongamento), eliminou depois o Benfica (0-1 na Luz e 2-1 em casa). E nesta terça-feira chegou a Camp Nou com o triunfo trazido de Londres (1-0). Aqui começaram os sacrifícios para conseguir ultrapassar o campeão dos campeões — o Barcelona chegou à sua quinta meia-final seguida e tentava atingir a terceira final consecutiva.

O treinador italiano recuperou o espírito de Mourinho, quando ali foi com o Inter de Milão em 2010 e eliminou o Barça nas meias-finais, mesmo sem Thiago Motta, expulso aos 28 minutos – o treinador português admitiria no fim da partida não ter jogado com um autocarro mas um avião em frente à sua baliza, utilizando Eto’o como defesa. Neste jogo, Di Matteo ficou sem Terry aos 37 minutos (4 das 12 expulsões do Chelsea na prova foram contra o Barcelona) e fez o mesmo que Mou. Kalou foi uma espécie de segundo defesa direito e Drogba ajudou Ashley Cole a fechar o corredor esquerdo.

O golo de Ramires anulou o adversário. E o penálti falhado por Messi fez o resto, anestesiou-o e à sua equipa. O argentino não é exímio na marca de 11 metros: falha 25% dos remates no Barcelona (8 em 33), números que o colocam abaixo dos outros jogadores (média global de 20%). Parece ser o único defeito do camisola 10, que deu um passo atrás na corrida com Cristiano Ronaldo à Bola de Ouro. E perpetuou a sua maldição nos jogos contra a equipa inglesa: em oito jogos, ficou sempre em branco.

A eliminação do Barça também colocou em xeque o reinado quase imaculado de Guardiola, que havia conquistado 13 dos 16 títulos que disputara. Foi uma espécie de vingança do Chelsea, que havia caído da forma mais cruel na meia-final de 2009, quando Iniesta, nos descontos, pôs o Barça na final de Roma.

Sacrificando o seu jogo e os seus jogadores, o Chelsea cedeu tudo ao Barcelona, que se acercou da baliza de Cech. O checo defendeu tudo o que pôde (o penálti de Messi foi à trave) e ainda viu uma bola do argentino no poste. Foi o último grito dos catalães. Para o final, o mais trágico: o espanhol Torres entrou para o lugar de Drogba e sentenciou a eliminatória com a estocada final.

Ficha de jogo

Barcelona-Chelsea, 2-2

Jogo no Camp Nou, em Barcelona.

Barcelona

Valdés, Puyol, Piqué (Daniel Alves, 26), Xavi Hernandez, Mascherano, Busquets, Fabregas (Keita, 74), Iniesta, Cuenca (Tello, 67), Messi e Alexis Sanchez.


(Suplentes: José Pinto, Thiago Alcântara, Daniel Alves, Keita, Tello, Adriano, Pedro Rodríguez).


Chelsea

Cech, Ashley Cole, Cahill, John Terry (Bosingwa, 12), Ivanovic, Ramires, Lampard, Raul Meireles, Obi Mikel, Drogba (Fernando Torres, 80), Juan Mata (Kalou, 58).


(Suplentes: Turnbull, Bosingwa, Essien, Malouda, Sturridge, Fernando Torres e Kalou).


Árbitro: Cuneit Çakir (Turquia)Amarelos: Obi Mikel (39), Ramires (44), Ivanovic (48), Iniesta (50), Cech (59), Messi (72), Lampard (72), Raul Meireles (89).
Vermelho: Terry (37).

Golos

1-0 por Busquets, aos 35'


2-0 por Iniesta, aos 43'


2-1 por Ramires, aos 45+1'


2-2 por Torres, aos 90+1'


Veja os golosNotícia actualizada às 22h57
Sugerir correcção
Comentar