Espanha denuncia “duros interrogatórios” a executivos da Repsol na Argentina

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Julio de Vido e Axel Kicillof lideram o processo de nacionalização Foto: Marcos Brindicci/Reuters

As autoridades da Argentina terão cortado as comunicações aos executivos da Repsol na sede da petrolífera YPF, em Buenos Aires, e interrogado alguns responsáveis no dia em que o Governo argentino anunciou a nacionalização da empresa, revela uma nota do ministério espanhol dos Negócios Estrangeiros.

O texto, que o diário espanhol El País cita, descreve momentos vividos na sede da YPF na capital argentina a 16 de Abril, quando a Presidente Cristina Kirchner pôs fim à especulação sobre o futuro accionista da YPF (filial da espanhola Repsol) e anunciou a expropriação de 51% do capital da petrolífera argentina.

O documento foi enviado pelo Governo de Mariano Rajoy a 118 embaixadas, para os diplomatas espanhóis explicarem a posição de Madrid no conflito diplomático que envolve os dois países.

“Enquanto a Presidente Kirchner ainda estava a falar, apresentando a Lei de Utilidade Pública, o ministro [da Planificação, Julio] de Vido, o vice-ministro [Axel] Kicillof e outras personalidades acompanhadas por agentes de segurança armados entraram à força na sede da YPF de Buenos Aires e expulsaram, com violência física e ameaças, os 15 executivos espanhóis presentes, depois de lhes darem cinco minutos para recolherem os seus pertences”, lê-se no documento.

Antes, segundo a mesma nota, terão sido cortadas as comunicações móveis, por telefone fixo e a Internet na sede da YPF. Já depois da serem obrigados a sair do edifício, “alguns” dos executivos foram levados pelas forças de segurança e terão sido “duramente interrogados com o objectivo de encontrar argumentos contra a Repsol”.

O texto refere ainda que os responsáveis em causa e os familiares se refugiaram “na residência do director da Repsol para a Argentina”.

Ainda em Fevereiro, dias 21 e 22, o secretário de Estado espanhol para a Cooperação e a América Latina, Jesús Gracia, viajou para Buenos Aires, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros da Argentina terá evitado abordar qualquer tema empresarial, escreve o mesmo jornal. Dias depois, o ministro espanhol da Indústria, Energia e Turismo, José Manuel Soria, terá acordado com Julio de Vido, na capital argentina, “a criação de um grupo de trabalho, bipartido e intergovernamental em assuntos relacionados com a YPF”.

Julio de Vido e Axel Kicillof estão a conduzir o processo de expropriação da YPF, cuja maioria do capital ficará nas mãos do Estado argentino. A Repsol deverá ficar com 6,4% das acções da empresa.

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