Mourinho foi a Barcelona reclamar o título, Ronaldo reclamou o trono

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Ronaldo mandou calar os adeptos catalães Foto: Juan Medina/Reuters

Treinador conseguiu a primeira vitória em dez visitas a Camp Nou. Esta (1-2) bastou para estar a um passo do 32.º título do Real Madrid graças ao golo de Cristiano Ronaldo, que ofuscou Messi.

Pep Guardiola chegou ao Santiago Bernabéu a 2 de Maio de 2009 com quatro pontos de vantagem sobre o Real Madrid, a quatro jornadas do final da Liga espanhola. Tal e qual como agora. Na altura, admitiu que viajava ao estádio do grande rival para atacar o campeonato. Ganhou, goleou por 2-6 e saiu como grande vencedor. Nessa noite brilhou Messi (com dois golos) e o Barcelona regressou à Catalunha com o título praticamente na mão. Três anos depois, os papéis inverteram-se. O momento foi de Ronaldo e do Real.

José Mourinho pisou um relvado que lhe é maldito, ele que foi ali adjunto de Van Gaal nos primeiros passos da carreira. Mas os anos seguintes tornaram-no persona non grata em Camp Nou. Ontem, entrou em silêncio (um black out a que se auto-impôs achando-se perseguido pela impensa desde o dia 4 de Abril) e saiu calado, mas a celebrar por dentro com a vitória por 1-2. O Real bateu o seu próprio recorde de golos numa Liga (107 em 1989-90 com Toschak), leva agora 109, arrastado por esse monstro goleador que é Cristiano Ronaldo. O português atingiu os 42, um recorde na Liga espanhola, num território que estava vedado à festa blanca desde Dezembro de 2007. Mais: o avançado bateu a sua marca goleadora (54, contra os 53 de 2010-11) e está à beira de outro registo histórico - caso marque na última ronda ao Maiorca, alcançará o que nunca nenhum outro jogador alcançou, que é marcar a todos os adversários numa temporada. Ronaldo escolheu o palco do maior rival para atingir os 300 golos, menos de 10 anos depois do "bis" ao Moreirense (3-0), a 7 de Outubro de 2002, quando festejou os seus primeiros remates certeiros, estava ainda no Sporting.

O Real pode já celebrar o título de campeão na próxima semana, caso vença o Sevilha em casa e o Barcelona perca em Vallecas, com o Rayo. A quatro jornadas do fim e sete pontos de avanço (com 12 pontos em disputa), não há dúvidas sobre o êxito de Mourinho.

Guardiola desiste da Liga

A condição de líder dos madridistas mudou o habitual guião do clássico e o Barça saiu abatido e sem discussão na sua própria casa. Foi um triunfo indiscutível do Real, mais defensivo, que conseguiu neutralizar as ofensivas do rival. Os blancos foram a negação dos blaugrana: no primeiro golo Khedira aproveitou a desorientação da defesa para fazer o 0-1, na outra ocasião, Ronaldo desfez o 1-1, três minutos após o golo de Alexis, para mandar calar o Camp Nou, gelado com o golo do português. Cristano foi maior que Messi, e Ozil superior a Xavi ou Iniesta.

Uma superioridade que se foi mostrando ao longo da Liga, mas que se engasgou nas últimas rondas. A diferença de 10 pontos que o Real tinha para o Barça foi-se esfumando para mirrar e ficar em apenas quatro. Uma vitória dos catalães, colocaria a luta pelo título ao rubro, com apenas um ponto de diferença. Mas Karanka disse que Mourinho pediu ataque durante o jogo. E foi isso que aconteceu. Guardiola desistiu de vez.

"Quero dar os parabéns ao Real Madrid pela vitória e pela Liga que vão ganhar", disse no final o técnico do Barcelona. Pep via uma série de 54 jogos sem perder no seu estádio interrompida. Foi a primeira vitória de Mourinho em dez visitas a Camp Nou, ele que se estreou com uma goleada por 5-0, sofrida numa das suas piores noites na carreira. Depois disso, tentou tudo. Jogou ultra-defensivo e voltou a perder, desta feita de forma "suja" como lhe chamou a imprensa. Parece, agora, ter encontrado o antídoto.

Não concedeu espaços ao adversário, sem hipóteses para as habituais transições rápidas. Só por uma vez, na primeira parte, conseguiu assustar Casillas, mas Xavi, com a baliza aberta, rematou ao lado. No segundo tempo, defendeu, Tello e Xavi estiveram perto, mas sem sucesso. Ao golo de Alexis, entrado um minuto antes, Ronaldo respondeu com outro. E aí tornou-se dono da noite. Ele e Mourinho, que saiu em silêncio.

Notícia substituída no dia 22 de Abril às 16h28Veja o vídeo dos golos
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