Mais de 40 personalidades assinam manifesto contra barragem de Foz Tua

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Obras de construção da barragem do Foz Tua Manuel Roberto

Por considerarem o rio Tua um “património de inestimável valor”, mais de 40 personalidades de várias áreas subscreveram um manifesto onde exigem a “paragem imediata das obras” da barragem “antes que sejam cometidos danos irreparáveis”.

No manifesto, os signatários consideram que a barragem do Foz Tua não cumpre os objectivos porque vai produzir apenas 0,5% da energia gasta em Portugal, reduzindo só 0,7% das importações de energia e 0,7% das emissões de gases de efeito de estufa.

“Foz Tua contribuiria com uns míseros 0,1% da energia do país”, concluem.

Os signatários defendem ainda que a barragem “é cara” - e que durante 75 anos os portugueses é que a vão pagar através da factura eléctrica - e que há “alternativas melhores”, entre as quais o investimento em eficiência energética e o reforço da potência das barragens já existentes.

Afirmando que a construção da barragem é “um atentado cultural”, os assinantes do manifesto lembram que a albufeira de Foz Tua “destruirá a centenária linha ferroviária do Tua, um vale com paisagens naturais e humanizadas de rara beleza, com elevado valor patrimonial e turístico”. Os signatários recordam ainda que a obra põe em causa a classificação do Alto Douro Vinhateiro como Património da Humanidade.

Além disso, defendem que a barragem constitui também um “atentado ambiental” porque vai destruir “irreversivelmente” solos agrícolas e habitats ribeirinhos raros e vai pôr em risco espécies ameaçadas e protegidas.

No manifesto é ainda referido que aquela obra representa também “mais um golpe nas perspectivas de desenvolvimento de Trás-os-Montes, pela perda da mobilidade ferroviária e de produtos turísticos valiosos como os desportos de águas brancas e a ferrovia de montanha”. “Criar um emprego permanente no turismo é 11 vezes mais barato que um emprego na barragem”, lê-se no texto.

Assinam o manifesto personalidades da ciência, cultura, economia, política e cidadania como o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, o dirigente do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, o dirigente da Quercus Francisco Ferreira e o presidente da Geota (Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e do Ambiente), João Joanaz de Melo. A deputada do partido ecologista Os Verdes, Heloísa Apolónia, o jornalista José Manuel Fernandes, o professor e especialista em hidráulica Carmona Rodrigues, o presidente da Câmara de Faro e dirigente do PSD, José Macário Correia, e o músico dos Blasted Mechanism Pedro Valdjiu foram outros dos signatários.

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