Espanha diz que a nacionalização da YPF prejudica a América Latina

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Rajoy promete “trabalhar” para que a nacionalização não se concretize Foto: Ronaldo Schemidt/AFP

O presidente do Governo espanhol reagiu nesta terça-feira à intenção da Argentina de nacionalizar a petrolífera YPF, controlada pela companhia espanhola Repsol, considerando tratar-se de uma medida sem precedentes que pode prejudicar a América Latina.

No Fórum Económico Mundial dedicado à América Latina, em Puerto Vallarta, no México, Mariano Rajoy considerou não haver justificação para o Governo argentino ter decidido a nacionalização da YPF, invocando a utilidade pública da produção de petróleo no país.

Demonstrando um “profundo desconforto” em relação à medida, o chefe do Governo considerou que a medida é negativa não apenas para a empresa e para a Argentina, cuja reputação, disse, fica afectada com a decisão, mas também para toda a América Latina.

A expropriação de 51% do capital da YPF, que considerou injusta e para a qual disse não haver razão económica, pode perturbar o bom entendimento entre Madrid e Buenos Aires, afirmou.

Para Rajoy, a expropriação torna a região um destino menos atractivo para os investidores e o caso abre um precedente grave nas relações comerciais “numa economia cada vez mais globalizada”. Ao prometer “trabalhar” para que a nacionalização não se concretize, arrancou da plateia do fórum uma salva de palmas.

O Governo de Cristina Kirchner acusou a Repsol de não investir suficientemente no país, onde a Repsol se tornou accionista da YPF em 1999.

Com a nacionalização parcial da empresa argentina, a Repsol não só perde a posição de accionista maioritário como deverá ficar apenas com 6,4% das acções da empresa (o grupo argentino Peterson continua accionista com 25,04% do capital e os restantes 17,1% ficam dispersos em bolsa).

A Repsol já exigiu uma indemnização de, pelo menos, 10,5 mil milhões de dólares (7,99 mil milhões de euros, ao câmbio de hoje). Mas o Governo argentino já respondeu à acusação de querer levar acções da YPF para preços de saldo. O vice-ministro da Economia, Axel Kicillof, um dos responsáveis a quem Kirchner entregou a condução do processo de nacionalização, adiantou que um tribunal nacional vai avaliar o dossier, embora tenha garantido já que a Argentina não vai pagar o preço pedido pela Repsol.

Notícia corrigida às 13h39 de 18 de Abril

: O montante, em euros, da indemnização pedida pela Repsol era referido como sendo de 7,99 milhões, em vez de 7,99 mil milhões.

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