Lisboa Capital República Popular 2012 com o mote “ser solidário”

O festival encerra com um desafio lançado a novos músicos: Recriar as canções que o Grupo de Acção Cultural - Vozes na Luta gravou nos anos que se seguiram à Revolução de Abril

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Ladrões do Tempo DR

Ser solidário, uma atitude “pertinente e que está na ordem do dia”, é o mote para o festival Lisboa Capital República Popular, cuja quarta edição decorre de 19 a 21 de Abril, disse à Lusa o programador, Alexandre Cortez.

O festival, centrado no Musicbox, terá três noites de concertos de músicos portugueses, com um modelo ligeiramente diferente das edições anteriores. Criado para assinalar “sem saudosismos” a Revolução de Abril, o festival convidava habitualmente músicos de diferentes gerações, uns mais próximos do que outros dos tempos de Abril de 1974, e juntava-os em palco. Este ano, haverá três noites distintas.

A abertura acontece com Ladrões do Tempo, grupo rock recente, formado por Tó Trips e Pedro Gonçalves (Dead Combo), Paulo Franco (Dapunksportif), Samuel Palitos (A Naifa) e Zé Pedro (Xutos & Pontapés). A segunda noite é programada pelo visualista Tiago Pereira, mentor do projecto visual A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria, com concerto dos Gaiteiros de Lisboa, Omiri e do grupo de percussão Toca’Andar. O fecho do festival fica por conta de um desafio lançado a novos músicos: Recriar as canções que o Grupo de Acção Cultural (GAC) - Vozes na Luta gravou nos anos que se seguiram à Revolução de Abril, registadas em discos como “A Cantiga é uma Arma” e “Pois, Canté!”.

Entre os convidados desta revisitação estão os bateristas Hélio Morais e Joaquim Albergaria, dos Paus, o guitarrista Filho da Mãe, Afonso Cabral, um dos vocalistas dos You Can’t Win Charlie Brown, Bob da Rage Sense e Elisa Rodrigues, com o pianista Júlio Resende.

“Não há aqui qualquer ideia de homenagem ao GAC. É uma revisitação, pegar no repertório de um grupo polémico e fundamental, e dar-lhe uma nova interpretação”, explicou o programador. Cada edição tem uma temática associada. A utopia e a liberdade de expressão foram abordadas em anos anteriores, mas desta vez é “o ser solidário, importante nos anos 1970 e que faz muito sentido nos dias de hoje”, disse Alexandre Cortez.

Aliás, “é preciso avivar a memória — há muitas questões relacionadas com a Revolução de Abril que são importantes agora”, sublinhou. A acompanhar o festival será editado um jornal, gratuito, coordenado pelo jornalista Nuno Miguel Guedes, com textos subordinados à temática deste ano.

O festival Lisboa Capital República Popular recupera o nome dos quatro jornais vespertinos já desaparecidos — Diário de Lisboa, A Capital, República e Diário Popular —, que eram apregoados pelos ardinas nas ruas de Lisboa, por esta ordem, sobretudo durante os anos de ditadura, num desafio às autoridades e aos agentes da PIDE, a polícia política, em particular.

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