Um festival dedicado ao som e à arquitectura no maciço da Gralheira

O Festival Som e Arquitectura Rural, promovido pela Binaural, acredita que espaço e som "são indissociáveis" e que as qualidades de um afectam a forma como é percebido o outro

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Jez riley French na ponte sobre o rio Paiva, na aldeia de Nodar Luis Costa
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Jez riley French na ponte sobre o rio Paiva, na aldeia de Nodar Luis Costa

As interacções entre a paisagem, a arquitectura e o som do maciço da Gralheira, no concelho de S. Pedro do Sul, vão ser exploradas a partir de segunda-feira, num festival que junta artistas, arquitectos e uma antropóloga.

O Festival Som e Arquitectura Rural, promovido pela Binaural — Associação Cultural de Nodar e que se prolonga até ao dia 29 de Abril, parte da certeza de que “espaço e som são indissociáveis” e que as qualidades de um afectam a forma como é percebido o outro.

“Interessa-nos fazer uma ligação do som com a arquitectura, com as estruturas construídas desta zona rural, de um modo que não seja óbvio, que estimule novas percepções da realidade”, justificou à agência Lusa o presidente da Binaural, Luís Costa.

Três semanas de residência artística

Para Luís Costa, “há estruturas que têm um impacto acústico muito interessante” e “é possível, de forma criativa, serem trabalhadas”, como, por exemplo, igrejas medievais e grutas. “No fundo, trata-se da ligação da nossa área de intervenção normal, a do som, com a arquitectura, que é talvez dos principais desafios deste território, uma vez que existem muitas estruturas abandonadas”, explicou, acrescentando que a iniciativa será também “uma chamada de atenção” para esta situação.

Durante três semanas, estarão em residência 12 pessoas de vários países, entre artistas, arquitectos e uma antropóloga. Estes desenvolverão trabalhos de campo que os participantes do festival poderão acompanhar. “Vamos dar cada vez mais ênfase à colocação, no mesmo plano, da criação artística com outro tipo de criatividade, mais ligada à investigação, mas que não deixa de ser criatividade”, acrescentou.

Luís Costa explicou que o objectivo foi “tirar alguma pressão da questão do evento final”, até porque “este é um ano em que, mesmo a nível de públicos, as coisas não estão fáceis”, porque as pessoas procuram poupar dinheiro. “Estamos a transformar esta permanência dos artistas e dos investigadores durante três semanas num elemento importante do quotidiano, que pode ser acompanhado por quem quiser. Vamos abrir as portas ao público desde o primeiro dia da residência”, frisou.

Segundo o responsável, a zona de maior intervenção será em redor do S. Macário, nomeadamente nas aldeias de Covas do Rio, Covas do Monte, S. Martinho das Moitas e Sul. Haverá uma intervenção artística nas capelas do S. Macário, no âmbito de “um projecto que vai investigar a importância do elemento religioso naquele topo da serra”, desenvolvido por um grupo de artistas portugueses.

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