Como fazer novas plantas a partir de estacas

A propagação por estaca é um método simples, que permite obter plantas com as características da original. Faz-se a partir do caule e é assim que conseguimos novas roseiras ou figueiras. Margarida Costa

Vamos continuar a dar-lhe dicas para que consiga "fazer" as suas próprias plantas, desta vez utilizando um fragmento de uma planta - uma estaca -, que, colocado sob condições favoráveis de humidade e temperatura, originará uma planta completa, com emissão de raízes numa das extremidades e rebentos na outra.

A propagação por estaca é um método económico e simples, que permite obter plantas com as mesmas características da planta que lhe deu origem. As estacas a partir do caule (ramos) são as mais comuns e podem utilizar-se para propagar a maioria dos arbustos ornamentais (alfazemas, alecrim, azáleas, camélias, folhados, loendros, hibiscos, malvas, murtas, roseiras, etc.), algumas árvores (choupo, plátano) e fruteiras (figueira, romãzeira).

O que são estacas de caule?

São pedaços de ramos tenros, mais ou menos lenhosos, com algumas folhas e pelo menos dois a três nós. Os gomos ou nósconstituem os novos pontos de rebentação, enquanto as folhas produzem os alimentos para a sobrevivência da estaca. A extremidade inferior da estaca constitui o local onde surgirão as raízes.

Qual a melhor época para fazer as estacas?

Na Primavera, para as estacas tenras, a partir da rebentação desse ano. No Verão, para as estacas semijovens (semilenhosas). No Inverno, para as estacas lenhosas, do ano anterior ou mais.

Como melhorar o desenvolvimento das raízes?

O enraizamento das estacas deverá ser efectuado num substrato à base de turfa e perlite (em quantidade equivalente) ou fibra de coco, materiais disponíveis em centros de jardinagem e lojas de produtos agrícolas. As estacas devem ser mantidas em ambiente com elevada humidade relativa (para reduzir as perdas de água por transpiração), luz média, sem incidência directa da luz solar e temperatura à volta dos 20ºC.

A melhor forma de conseguir estas condições é cobrir a zona de enraizamento com plástico transparente assente sobre aros de metal ou arame. Para estacas individuais em vaso, a cobertura mais simples é um saco de plástico.

Em espécies com um desenvolvimento de raiz mais difícil poderá adicionar-se uma hormona de enraizamento (auxina), à venda em centros de jardinagem e lojas de produtos agrícolas, para melhorar a qualidade das raízes. As hormonas são, normalmente, comercializadas em talco, que se adiciona à base da estaca.

Como preparar a estaca?

1. Seleccionar um ramo saudável da planta que se quer multiplicar.

2. Cortar uma porção do ramo, em forma de bisel, imediatamente abaixo de um nó.

3. Retirar as folhas inferiores, para não apodrecerem em contacto com o substrato, e cortar as superiores ao meio, se forem grandes, evitando perdas de água excessivas por transpiração.

7 etapas para um enraizamento

1. Lavar e desinfectar as placas de alvéolos ou vasos a utilizar.

2. Preparar o substrato e encher os recipientes.

3. Preparar as estacas.

4. Mergulhar a base das estacas numa hormona de enraizamento (em estacas de difícil enraizamento).

5. Enterrá-las cerca de 1/3 no substrato (estacas tenras e semilenhosas) e cerca de 2/3 para as estacas lenhosas.

6. Regar (com um regador de chuva muita fina), de modo a manter o substrato húmido, sem encharcar, para evitar o apodrecimento da base das estacas.

7. Transplantar as estacas enraizadas, quando se observar um bom número de raízes no fundo da placa. A transplantação poderá ser feita para vasos individuais ou para o local definitivo. O tempo de enraizamento é muito variável, dependendo da espécie e do tipo de estaca: estacas tenras ou semilenhosas é expectável cerca de 4-6 semanas; estacas lenhosas, cerca de 2-3 meses. Após o transplante, regue para ajustar a terra à planta.

Margarida Costa é engenheira hortofrutícola, arquitecta paisagista e da Associação Portuguesa de Horticultura

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