Crónica de Jogo: Hulk decide

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Hulk marcou o golo que mantém o FC Porto no topo Foto: Miguel Vidal/Reuters

Os grandes jogos, aqueles que podem decidir toda uma temporada, têm destas coisas: muita tensão. De parte a parte. Com os treinadores a tentarem tirar partido dos pontos fracos do adversário. Ambas a tentarem assumir o jogo e conquistar os três pontos. O jogo de Braga, neste sábado, resultou intenso e com grande espectacularidade. E como acontece nestes grandes confrontos as coisas acabam por se decidir em pormenores e pelos grandes jogadores.

Os homens que decidiram acabaram por ser Hugo Viana e Hulk. O português, no primeiro minuto do segundo tempo, teve tudo para colocar o Sp. Braga a vencer. Errou de forma incrível. E voltou a errar inapelavelmente, aos 55’, ao deixar a bola em James que deixou a tarefa de resolver todos os problemas nos pés de Hulk. E o brasileiro resolveu, acabando praticamente com as esperanças de um excelente Sp. Braga em permanecer na luta pelo título.

O técnico portista, que surpreendeu ao colocar o “inexistente” Kléber no eixo do ataque em detrimento de Janko, apostou nas fragilidades do lateral Elderson e nas potencialidades de Hulk. A aposta teve os seus resultados. O brasileiro tem uma capacidade de aceleração que o nigeriano nunca conseguiu acompanhar. O resultado foram duas oportunidades de golo. Ambas oferecidas a Lucho. Na primeira, aos 11’, o brasileiro passou pelo nigeriano e Hugo Viana e entregou atrasado para o remate de Lucho. O argentino tinha várias possibilidades à sua escolha para concluir o lance, mas estranhamente optou por um remate fraco para as mãos de Quim.

Hulk voltou a repetir o lance, aos 27’, e mais uma vez colocou a bola nos pés de Lucho que, nessa ocasião, obrigou Quim a uma boa defesa.

Mas o grande momento da primeira parte e do jogo (42’)deveu-se a um duelo entre Hulk e Quim. O brasileiro entrou pela esquerda e tirou um remate fantástico. Quim respondeu com uma defesa notável. Mas o FC Porto esteve longe de ser superior ao Sp. Braga nesta fase.

Leonardo Jardim sabe que sem o médio Fernando, o FC Porto perde muito da sua capacidade ofensiva e, ao mesmo tempo, sente maiores dificuldades para recuperar a bola. A sua ausência tolhe ainda os movimentos de Moutinho, um homem importante para definir o jogo ofensivo portista e que, nestas circunstâncias, vê-se obrigado a recuar demasiado no terreno. Mesmo assim a sua exibição foi notável.

Para tirar partido da fragilidade do trinco substituto, o belga Defour, Jardim colocou-lhe nas costas Mosssoró. O resultado foi um jogo tremendo. Com oportunidades de parte a parte. Os bracarenses apostando no futebol do brasileiro, nos pés de Hugo Viana e nas diagonais de Lima, com Hélder Barbosa e Alan a surgirem pelo meio. Para felicidade do Sp. Braga, Álvaro Pereira esteve muito distante da qualidade que se lhe reconhece. E foi por esse flanco que os homens da casa conseguiram um punhado de oportunidades, até porque James não é um extremo que seja muito disponível a ajudar nas acções defensivas.

Hugo Viana, aos 28’, teve um passe extraordinário para Lima, que passou facilmente por Álvaro Pereira. O remate saiu ao lado. Seguiu-se um cruzamento de Alan que Otamendi quase tranformava em autogolo. Houve ainda um lance entre Defour e Miguel Lopes, mas o árbitro, aparentemente bem, assinalou falta fora da área e, no livre, o pé esquerdo de Hugo Viana obrigou Helton a uma boa defesa.

O jogo nunca perdeu intensidade. O FC Porto regressou no segundo tempo sem Kléber que passou literalmente ao lado do jogo e colocou no seu lugar Varela. Uma opção que fez passar Hulk para o centro do ataque e permitiu uma ajuda extra para travar o flanco direito bracarense, constituído pelo triângulo (Miguel Lopes, Alan e Lima). Mas a primeira grande oportunidade pertenceu aos homens da casa. Desperdiçada de forma incrível por Hugo Viana que, após um lance de entendimento com Hélder Barbosa, ficou na cara de Helton. Tinha tempo para tudo, mas arrancou um remate disparatado com o pé direito, quando tinha tudo para a colocar no seu pé de ouro. Hugo Viana deitou as mãos à cabeça e como que este lance marcou o jogador e toda a partida. O médio bracarense, aos 55’, ajudou a colocar a equipa no tapete ao perder a bola para James, que a entregou a Hulk. Com espaço o brasileiro arrancou de forma imparável e rematou cruzado, com a bola a parar no fundo da baliza de Quim.

Ao contrário daquilo que se poderia pensar, o Sp. Braga não acusou o golo. Reagiu. Atacou a baliza de Helton. O guarda-redes brasileiro evitou o empate a remate de Alan e um minuto antes foi Maicon quem evitou o pior para os portistas com um remate de Hugo Viana.

O FC Porto, apostou depois em fechar todos os caminhos para a sua baliza e segurar um resultado que pode valer muito mais do que apenas três pontos. Basta o Benfica não ganhar em Alvalade.

FIGURAHulk

A importância de Hulk nota-se, principalmente, nos grandes jogos. Mais uma vez esteve presente num jogo que valia muito mais que três pontos, porque deixou a equipa bem próxima do título. Foi ele que conseguiu criar as melhores oportunidades para o FC Porto. Lucho não aproveitou duas. Uma soberba defesa de Quim negou-lhe igualmente o golo. Mas Hulk é daqueles futebolistas que tem quase tudo. Tem velocidade, técnica e capacidade de remate. Mostrou tudo isso apesar da meritória exibição do lateral Miguel Lopes. Na segunda parte, quando Vítor Pereira sentia dificuldades para resolver o problema, o avançado brasileiro aproveitou o erro de Hugo Viana, o passe de James e com um remate cruzado fez o golo. Enfim, decidiu tudo o que havia para decidir. Os grandes jogadores são assim.


POSITIVOOtamendi

O central portista esteve irrepreensível. A vitória passou muito pela tranquilidade que transmitiu à defesa.


Moutinho

O pequeno jogador do meio-campo portista tem pilhas que nunca mais terminam. Defende e ataca.


Miguel Lopes

O lateral direito do Sp. Braga foi a quarta opção para a posição dentro do plantel. Mas travou muitas vezes Hulk.


NEGATIVOÁlvaro Pereira

Cometeu asneiras do princípio até que o treinador o mandou abandonar o relvado.


Kléber

Não se deu pelo ponta-de-lança. Foi um erro de “casting”.


Ficha de Jogo

Sp. Braga, 0


FC Porto, 1


Jogo no Estádio Municipal de Braga
Espectadores Cerca de 25.000

Sp. Braga

Quim, Miguel Lopes, Douglão, Nuno André Coelho, Elderson, Custódio a52’ (Nuno Gomes, 83’), Hugo Viana a75’, Alan (Paulo César, 68’), Mossoró, Hélder Barbosa (Carlão, 76’) e Lima. Treinador Leonardo Jardim.


FC Porto

Helton, Sapuranu a24’, Maicon, Otamendi, Álvaro Pereira a59’ (Alex Sandro, 63’), Defour a36’, João Moutinho, Lucho Gonzalez, Hulk, Kléber (Varela, 46’ a90’+3’) e James (Rolando, 83’). Treinador Vítor Pereira.


Árbitro

Olegário Benquerença, de Leiria.

Amarelos

Sapuranu (24’), Defour (36’), Custódio (52’), Álvaro Pereira (59’), Hugo Viana (75’), Varela (90’+3’)

Golos

1-0, por Hulk, aos 56’


Notícia actualizada às 23h15
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