Portugueses esgotaram viagens para Cabo Verde nas férias da Páscoa

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O Algarve é um dos principais destinos do turismo na Semana Santa PEDRO CUNHA

Quebras no turismo vão ser menores do que o esperado, entre os 5 e os 10%. Turistas encurtam estadia, preferem destinos próximos, mas também enchem os hotéis na Ilha da Boavista e Caraíbas

A crise não impediu os portugueses de viajar esta Páscoa, dentro e fora de portas. Com as empresas de turismo a ajustar a oferta, (há menos lugares disponíveis, por exemplo), os turistas encurtaram o tempo de estada e escolheram destinos mais próximos. Mas, ao mesmo tempo, também esgotaram os pacotes dos operadores para Cabo Verde, e encheram os aviões charter para as Caraíbas.

Dados oficiais não há, mas a Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) espera uma quebra de 5% a 10% na facturação durante o período de Páscoa, menor do que a estimada no início do ano, entre os 10% e os 15%. "É uma boa notícia, mostra resiliência do sector, e se tivéssemos de fazer esta previsão no início do ano seríamos mais pessimistas. Os portugueses não desistiram de viajar", diz Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT.

Apesar do contexto económico, o turismo interno está em linha com 2011. Pedro Costa Ferreira lembra que há cada vez mais diversidade de oferta em Portugal e acredita que esta estabilidade é fruto "do trabalho que tem sido feito pelas regiões de turismo e pelas empresas, que desenvolvem esforços para melhorar a qualidade". Além disso, o sector adaptou a oferta à capacidade financeira dos consumidores.

Algarve, Açores e Madeira têm sido os destinos mais vendidos pela TopAtlântico, rede de agências de viagens do grupo Espírito Santo. O negócio corre dentro das expectativas, diz fonte da empresa, sem precisar.

Fora de Portugal, Cabo Verde, Caraíbas, Disneyland Paris e circuitos na Europa são os mais procurados, tal como no ano passado. O presidente da APAVT destaca Cabo Verde como o "grande líder" no turismo desta Páscoa, mesmo com os preços dos pacotes a aumentar. O operador Soltrópico confirma e lembra que os seus dois voos com destino à ilha da Boavista estão esgotados desde Março. Aliás, as partidas de 25 de Março foram logo vendidas em Fevereiro. No total, são 320 lugares. "O destino estrela é sem dúvida Cabo Verde, em particular a ilha da Boavista, mas também a ilha do Sal. Temos também o Brasil", sublinha Nuno Anjos, director comercial da Soltrópico.

A operação charter para as Caraíbas também está composta. De acordo com Pedro Costa Ferreira houve um "ajustamento da oferta" não só ao nível dos preços, que desceram, como dos voos. Dada a redução do volume de viagens, os operadores apostam em voos triangulares, servindo mais do que um destino.

Para o Verão, período por excelência de férias, o desafio do sector é manter o cenário, mesmo com quebras que podem chegar aos 10%. "A preocupação é manter a tendência e não ter um mercado tão deprimido como as estimativas iniciais", observa Pedro Costa Ferreira. A TopAtlântico tem previsões "realistas e cautelosas", mas sublinha que ainda é cedo para uma análise mais aprofundada, já que o verdadeiro período de marcações para o Verão acontece depois da Páscoa. Para já, reduzir preços não faz parte da estratégia. "A redução de preços à custa de esmagamento de margens conduz, normalmente a más experiências para os consumidores e são vários os casos no sector do turismo, num passado recente, que o demonstram", diz fonte da empresa.

Descer preços também não faz parte da estratégia da Soltrópico. Nuno Anjos, director comercial da companhia, espera ter os mesmos resultados de 2011 e mantém todas operações charter.

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