Cem anos depois o Titanic é património cultural protegido pela UNESCO

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UNESCO diz que a classificação dos destroços só foi possível agora dr

Os destroços do navio beneficiam desde ontem da protecção da Convenção da UNESCO para o património cultural subaquático

Naufragou há cem anos e, se não fossem os seus destroços submersos no oceano Atlântico a provar a sua existência, seria uma história que facilmente se confundiria com uma lenda. A tragédia do Titanic está na memória de todos e tem tanto de dramático como fascinante. Tão fascinante que, um século depois, ainda continua a merecer atenção, assim garante a UNESCO, que ontem classificou os destroços do navio como património cultural subaquático, passando assim a beneficiar da sua protecção.

Para os que possam pensar que esta classificação vem tarde, a UNESCO explica que não poderia ter sido antes. Em comunicado, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura explicou que até aqui não podia proteger os restos submersos do Titanic, uma vez que a Convenção para a Protecção do Património Cultural Subaquático apenas é aplicada a destroços com mais de cem anos.

"A partir de agora, os Estados que fazem parte da Convenção poderão impedir a destruição, a pilhagem, a venda e a dispersão dos objectos encontrados no sítio. Devem tomar todas as medidas ao seu alcance para proteger o navio e garantir que os restos mortais serão tratados dignamente", pode-se ler no comunicado, que lembra que os vestígios do navio estão a cerca de quatro mil metros de profundidade ao largo de Terra Nova. "O navio naufragado encontra-se em águas internacionais, pelo que nenhum Estado pode reivindicar a jurisdição exclusiva do sítio".

A Convenção para a Protecção do Património Cultural Subaquático entrou em vigor em Janeiro de 2009 e já foi assinada por cerca de 41 países.

Para a directora-geral da UNESCO, Irina Bokova, a classificação do Titanic é um passo importante no trabalho desenvolvido no fundo dos oceanos, lembrando que existe ainda muito património por proteger. "Existem milhares de navios naufragados e sítios arqueológicos cujo valor científico também é preciso proteger e que também contêm a memória de tragédias humanas, devendo ser tratados com respeito", sublinhou a responsável, que defende que é preciso proteger os tesouros submersos da mesma forma que o património terrestre.

O Titanic partiu de Inglaterra no dia 10 de Abril de 1912, com destino aos Estados Unidos, mas depois de cinco dias no mar embateu num icebergue, acabando por naufragar. Entre tripulação e passageiros, morreram 1517 pessoas. Ao longo dos anos, foram feitas várias expedições aos destroços do navio, tendo sido recuperados milhares de objectos que contam um pouco da história daquela viagem inaugural. No ano em que se assinalam os cem anos da tragédia, são várias as iniciativas planeadas. Entre leilões de alguns objectos recuperados e viagens que pretendem seguir a rota original do Titanic, chega novamente aos cinemas o filme de James Cameron, protagonizado por Kate Winslet e Leonardo DiCaprio, agora em 3D.

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