Presidente do BCE diz que modelo social europeu “está morto”

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Draghi nota que o desemprego é mais elevado nos países com um mercado de trabalho mais protegido Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters

Os valores da solidariedade e da inclusão são eixos do modelo social europeu, mas, tal como existe hoje, não é sustentável a prazo, defende o presidente do Banco Central Europeu (BCE). “O modelo social europeu está morto” e cabe aos Governos da zona euro avançar com reformas que sejam sustentáveis, observa Mario Draghi.

Na habitual conferência de imprensa mensal que se segue à reunião de política monetária do Conselho de Governadores do BCE, Draghi não se alongou nas explicações sobre o futuro do modelo social europeu.

Procurou usar este argumento para defender que os países em dificuldades devem continuar a tomar medidas de fundo de combate à crise, nomeadamente no mercado de trabalho.

A zona euro vive “uma época de heterogeneidade”, com diferenças ao nível do emprego e da produtividade, e em determinados países – que Draghi não identificou – as “regras não são duráveis a termo”.

Por isso defendeu, de forma telegráfica, que o “modelo social europeu deve ser revisto”.

Colocando a questão nas reformas estruturais, incentivou os países que estão em recessão “a tomar medidas no mercado de trabalho”. “Observamos que o nível de desemprego é mais elevado” nos países com um mercado de trabalho protegido, exemplificou, de novo sem se referir em concreto a qualquer país da moeda única.

Draghi enquadrou a necessidade de os países sob maior pressão dos mercados avançarem com reformas na estratégia global de combate à crise, que, insistiu, deve ser mantida.

O presidente do BCE admitiu implicitamente, aliás, novas medidas extraordinárias para estancar o avanço da crise. Mas repetiu que, ao mesmo tempo que o banco central decide sobre a política monetária, cabe aos Governos fazerem a sua parte. É prematuro discutir uma “estratégia de saída” da política anticrise, assinalou.

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