Portugal registou caso mortal de raiva no ano passado

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A possibilidade de haver infecção no nosso país é quase inexistente ADRIANO MIRANDA

Mordedura de cão aconteceu na Guiné-Bissau. Caso envolvendo residente na Amadora terá sido único em todo o espaço europeu

Portugal teve no ano passado um caso de raiva que acabou por levar à morte uma mulher mordida por um cão na Guiné-Bissau. A raiva está erradicada do país desde 1960, na Europa este terá sido o único caso registado em 2011.

A possibilidade de haver infecção por raiva em Portugal é quase inexistente, isto por ser uma doença extinta na vertente humana como na animal, explica a subdirectora--geral da Saúde, Graça Freitas. Os portadores são cães, mas também podem ser gatos, morcegos, doninhas ou raposas.

No caso desta guineense de 41 anos, residente na Amadora, tratou-se de uma mordedura de cão na perna, a 1 de Maio do ano passado. Só a 19 de Julho foi às urgências de um hospital português com queixas de dores nas costas e foi para casa com medicação para os sintomas, cinco dias depois voltou ao hospital, acabando por ser diagnosticada a 26 de Julho. Morreu duas semanas depois, apesar de lhe ter sido dado o tratamento adequado, refere um artigo sobre o caso português publicado na semana passadas na Eurosurveillance, revista científica do Centro Europeu para a Prevenção e Controlo da Doença. O diagnóstico laboratorial teve de ser feito em França.

Causada por um vírus, que se aloja no sistema nervoso central, a raiva provoca a morte em quase todos os pacientes, se não for tratada logo após a exposição, com uma vacina ou com anticorpos para estimular o sistema imunitário. Embora variável, o período de incubação vai das três semanas aos dois meses. Desde que os primeiros sintomas surgem - como dor de cabeça, mal--estar, febre baixa, dor de garganta e vómitos - até ao coma e à morte decorrem em média duas semanas. Confusão, desorientação, agressividade, alucinações, dificuldade em engolir, paralisia motora, espasmos e salivação excessiva, sintomas graves da fase em que o cérebro está já inflamado, antecedem ainda o coma e a morte.

Embora a transmissão entre humanos seja muito rara, foi dada medicação preventiva - que consiste na vacina contra a raiva, também usada após a exposição - aos cinco profissionais de saúde que tiveram contacto com a doente, assim como ao marido da guineense e a seis pessoas mais próximas. A Eurosurveillance elogia a rapidez com que foram localizados os contactos da doente.

A vacina para a raiva só é administrada em Portugal a viajantes com destino a países onde a doença esteja activa e onde tenham contacto com animais, como é o caso de veterinários, explica Graça Freitas: "Na Europa é raríssimo haver casos de raiva, mesmo importados." Entre 2000 e 2009 houve 13 casos de raiva humana importada na Europa, em 2010 houve apenas o caso de uma romena mordida por uma raposa numa zona rural do país.

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