Banco de Portugal admite a possibilidade de mais austeridade para se cumprir a meta do défice

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Miguel Dantas

O Banco de Portugal admite que poderão ser necessárias mais medidas de austeridade para assegurar o cumprimento do défice orçamental deste ano, no seu Boletim Económico de Primavera divulgado hoje.

O banco central, que reviu em baixa as suas previsões para o PIB este ano e no próximo, já não prevê que haja uma recuperação da economia em 2013, e alerta também para que os riscos relativos às suas projecções são de “uma evolução mais desfavorável da actividade económica relativamente ao projectado no cenário central”.

Deste modo, revela-se como provável que, para além de não haver recuperação no próximo ano (dado que a projecção para a evolução do PIB é agora de 0,0%, face a 0,3% há três meses), venha mesmo a haver um prolongamento da recessão deste ano – agora projectada em -3,4% do PIB, face à projecção de -3,1% no Boletim de Inverno.

A revisão em baixa das projecções para o andamento do PIB é justificada pelo Banco de Portugal principalmente com uma menor procura externa (e por isso menos exportações, que têm evitado que a economia se afunde mais). Além disso, mantém a hipótese de a baixa da procura externa se manter por mais tempo ou mesmo diminuir mais do que o previsto, o que terá um impacto ainda mais negativo sobre as exportações.

Seria este o cenário mais provável para que se desse uma deterioração do cenário macroeconómico, que “poderá conduzir à necessidade de adopção de medidas adicionais que garantam o cumprimento do objectivo orçamental” – leia-se, mais austeridade, ou por corte da despesa ou por aumento da receita, por exemplo através de mais impostos.

A queda da procura externa é associada pelo banco central à “elevada incerteza quanto à resolução da crise da dívida soberana na área do euro”, mas também “aos processos de consolidação orçamental actualmente em curso em várias economias” – isto é, em muitos países europeus haverá diminuição da despesa do Estado, com a consequente quebra da procura no sector público e privado, o que se traduz em menos exportações de bens e serviços portugueses.

Quanto à crise da zona euro, “persistem riscos de aprofundamento dos mecanismos de interacção negativa”, apesar da maciça cedência de liquidez aos bancos pelo BCE entre o final do ano passado e o início deste ano, de cerca de um milhão de milhões (um bilião) de euros.

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