Alemanha e França parcialmente responsáveis pela crise do euro, acusa Monti

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Foto: Carl Court/ AFP Photo (arquivo)

O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, afirmou hoje que a Alemanha e a França são parcialmente responsáveis pela crise na zona euro por terem agido como “pais irresponsáveis” durante “a infância” da moeda comum europeia.

Em visita ao Japão, Monti afirmou que os dois maiores países da zona euro deram um mau exemplo quando, nos primórdios do euro, não respeitaram as regras fiscais, abrindo caminho às derrapagens que conduziram à actual crise.

“A história remonta a 2003, quando o euro era ainda um bebé, quando a Alemanha e a França eram laxistas em relação aos défices públicos e às dívidas”, disse.

Monti, que substituiu Silvio Berlusconi em meados de Novembro para “salvar” a terceira maior economia da zona euro, contou que, na altura, o Conselho Europeu decidiu não penalizar Berlim e Paris por ultrapassarem o limite do défice, contrariamente aos mecanismos sancionatórios previstos.

“O Conselho Europeu, então presidido pela Itália (...), afirmou que, contrariamente à proposta da Comissão Europeia, (...) a Alemanha e a França não seriam incomodadas, apesar de os seus défices ultrapassarem 3% do Produto Interno Bruto”, disse. Na altura, Mario Monti era o comissário europeu da Concorrência.

“Claro que, se o pai e a mãe da zona euro violam as regras, não se pode esperar (que países como) a Grécia as respeitem”, disse.

Confiança no reforço do fundo de estabilização

Monti declarou-se “confiante” em relação à reunião dos ministros das Finanças da zona euro, em Copenhaga, sobre um eventual reforço do fundo de estabilização financeira. “Está na altura de tomar uma decisão definitiva e adequada relativamente às salvaguardas”, disse.

O primeiro-ministro italiano disse estar menos preocupado com a recente subida das taxas de juro dos títulos do tesouro espanhóis: “A Espanha está evidentemente na via de uma consolidação orçamental.”

No sábado, Monti falou de “preocupação na União Europeia em relação a Espanha”, considerando não faltar muito para uma situação de contágio a outros países da zona euro.

Hoje, em Tóquio, Monti afirmou que um contágio não partirá “certamente de Espanha”: “De uma forma geral, espero que o contágio pertença ao passado, agora que a disciplina é respeitada pela maioria dos Estados-membros e que as salvaguardas estão a ser reforçadas.”

A visita de Monti a Tóquio insere-se numa digressão pela Ásia que o vai levar também à Coreia do Sul, China e Cazaquistão, para mostrar uma “nova Itália”, menos burocrática e mais aberta ao investimento estrangeiro.

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