O “factor casa” de nada valeu no primeiro round dos quartos-de-final

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Abbiati trava Alexis num dos lances mais polémicos do jogo Foto: Giuseppe Cacace/AFP

O terceiro capítulo da saga entre Milan e Barcelona na Liga dos Campeões deixou tudo em suspenso e adiado para o quarto e último episódio. No Giuseppe Meazza, houve ingredientes suficientes para compor um bom argumento, houve protagonistas e desempenhos à altura, houve acção q.b. Faltaram os golos. Que terão, inevitavelmente, de acontecer em Camp Nou, já na próxima semana, para se encontrar o adversário de Chelsea ou Benfica nas meias-finais da prova.

Foi a quarta vez esta época que o Barcelona ficou em branco e a primeira na Champions. Mas foi também a primeira vez que, nos quartos-de-final da competição, nenhuma das equipas visitantes sofreu golos. Conclusão? O factor casa não serviu para nada. Depois de Benfica e APOEL terem ficado a zero, Marselha e AC Milan seguiram-lhes as pisadas.

No caso dos italianos, bem podem os adeptos rossoneri agradecer a Christian Abbiati, que evitou em diferentes ocasiões que Lionel Messi (12 golos) destronasse Ruud Van Nistelrooy do pedestal de melhor marcador de uma edição da Champions. A última delas aconteceu aos 87’, quando o argentino ganhou um ressalto e perdeu, já no interior da área, para os reflexos do italiano.

O guarda-redes, de resto, foi decisivo mesmo nos momentos mais polémicos. Aos 15’, um livre daqueles que exigem horas de ensaios nos bastidores colocou Alexis Sánchez na cara de Abbiati. Depois, foi Abbiati que colocou o antebraço no tornozelo do chileno, anulando uma jogada de golo.

Enquanto o (pouco) internacional italiano ia travando duelos com diferentes protagonistas (com Xavi à cabeça), Ibrahimovic ia dando um ar da sua graça na frente. Aos 19’, surgiu praticamente isolado, após um passe magistral de Seedorf, mas o remate saiu enrolado. Aos 35’, foi Alexis a arrancar decidido para a baliza italiana, embora não tão determinado como Antonini, eficaz no corredor esquerdo e também a dobrar os centrais.

No segundo tempo, Massimiliano Allegri tirou do bolso o elixir da juventude e arriscou um pouco mais, ao lançar El Shaarawy (19 anos) e Emanuelson (25). Nada que tenha posto em risco o domínio territorial do Barcelona, dono e senhor da posse de bola, pois claro (62% contra 38). Com pouca bola, o AC Milan pouco fazia. Cerrava os dentes e segurava o 0-0, um resultado bem distante do 2-2 ou do 3-2 com que ambas as equipas terminaram o primeiro e quinto jogos da fase de grupos, há poucos meses.

Gómez igual a golos

As palavras de Steve Mandanda, habitual titular na baliza do Marselha, na altura do sorteio dos quartos-de-final foram premonitórias: “O Bayern é obviamente favorito”. Esta quarta-feira, o guarda-redes não esteve no Vélodrome — foi substituído por Elinton Andrade — e a sua ausência terá ajudado a confirmar a previsão (0-2).

O brasileiro contratado ao Rapid Bucareste em 2009 deixou-se surpreender por um remate de Mario Gómez, mesmo em cima do intervalo (44’), e complicou a tarefa dos franceses. A bola que lhe passou por baixo do corpo valeu ao avançado alemão o 11.º golo na competição (ou o 12.º se contarmos com o play-off) - está agora a apenas um de Messi, num ombro-a-ombro que promete novos desenvolvimentos.

Mas o nome de Gómez não terá sido aquele que os adeptos franceses menos gostaram de ouvir da boca do speaker, no lançamento do jogo. Franck Ribéry regressou a casa para ajudar a estilhaçar o sonho do “seu” Marselha, não com golos, mas com o futebol clarividente que se lhe reconhece. O 2-0, esse, ficou reservado para Arjen Robben, após uma brilhante combinação com Müller. O holandês, que já tinha assistido para o golo inaugural, prolongou assim a agonia do adversário, que elevou para oito o número de derrotas nos últimos nove jogos oficiais.

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