Passos Coelho quer privatização rápida dos Estaleiros de Viana

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Governo vai lançar dentro de 45 dias concurso público internacional para a reprivatização Paulo Ricca

Passos Coelho disse hoje, em Viseu, que a privatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo “não vai ficar para as calendas gregas” e que, no processo, “vão ser salvaguardados o maior número possível” de postos de trabalho.

O primeiro-ministro justificou o processo de privatização, sem dar detalhes sobre eventuais interessados, afirmando que “o governo não tem condições para estar a garantir novas injecções de capital”.

Escusando-se a entrar em pormenores, perante a insistência dos jornalistas, Passos Coelho adiantou que o ministro da Defesa, “irá fazê-lo” assim que “houver elementos para, de modo público, revelar”.

O primeiro-ministro sinalizou ainda que “os pormenores serão esclarecidos pelo ministro da Defesa”, na audição, marcada para quarta-feira, de José Pedro Aguiar-Branco, ao Parlamento, “onde essa questão não deixará de ser abordada com todos os pormenores”.

“Temos vindo a trabalhar na reestruturação dos estaleiros de modo a preparar um futuro sustentável, onde não se acumulem prejuízos e possa ser acrescentado valor. E fazer a auscultação de mercado para encontrar um novo accionista de modo a que os estaleiros tenham viabilidade e que o país possa continuar a contar com uma empresa com estas características e com esta história”, apontou Pedro Passos Coelho.

O chefe do executivo deixou ainda claro que o Governo está atento à história destes estaleiros, que encara como “muito importantes para a Marinha portuguesa e para Portugal”, sublinhando igualmente que “oferecem uma capacidade em termos externos que devia ser aproveitada”.

Mas, alertou, que, para poderem ter continuidade, os Estaleiros de Viana do Castelo “têm de ser sustentáveis”, o que passa por “encontrar um accionista que dê garantia de que vai haver encomendas no futuro”. Passos Coelho deixou ainda claro que “nos termos em que foram herdados”, os Estaleiros de Viana do Castelo não tinham possibilidade de continuar.
“O que estamos apostados em garantir é a continuação dos estaleiros porque estiveram na eminência de encerrar, de haver liquidação da empresa e isso seria a última coisa que gostaríamos que acontecesse”, notou.

A prioridade do governo é “salvaguardar a empresa e a possibilidade de continuar a acrescentar valor para o país”, acrescentando Pedro Passos Coelho que disse ter “uma forte expectativa que isso seja possível através de uma privatização”.

Processo começa dentro de mês e meio

Hoje soube-se que o Governo deverá lançar, dentro de 45 dias, um concurso público internacional para a reprivatização total dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. De acordo com uma fonte do Ministério da Defesa, esse processo resulta de “vários contactos e reuniões” que se revelaram “suficientemente sólidos”, com seus potenciais interessados na empresa, noticiou a Lusa.


“Haverá agora um período de cerca de mês e meio para o Ministério das Finanças preparar o caderno de encargos desta reprivatização. Estimamos depois mais cerca de dois meses para a decisão sobre o vencedor do concurso”, explicou a mesma fonte.

O objectivo da Tutela passa por reprivatizar a empresa – nacionalizada há 37 anos a pedido dos trabalhadores e da própria administração – nos próximos quatro meses. De parte ficam outras soluções que chegaram a ser propostas por alguns grupos interessados, como a concessão da exploração ou uma privatização parcial. “Nesses cenários não havia qualquer garantia da salvaguarda dos postos de trabalho”, explicou a fonte do Ministério da Defesa.

A opção pela privatização dos estaleiros vai ser apresentada à Comissão de Trabaladores hoje, às 17h, pelo ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, como solução para assegurar a continuidade da empresa.

Notícia actualizada às 14h16
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