Boleia partilhada: já não é preciso levantar o polegar

Os preços dos combustíveis sobem, procuram-se companheiros para dividir uma viatura, os carros ficam nas garagens. O número de adeptos das boleias partilhadas não pára de aumentar

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As boleias agora são organizadas online cvanstane/Flickr

O número de adeptos das boleias partilhadas não pára de aumentar. As vantagens acumulam pontos. Ganha-se tempo, poupa-se no orçamento e na viatura, contorna-se o cansaço. A boleia de braço estendido e polegar esticado está a perder força. A boleia organizada está para ficar.

Simão Guimarães, de Santa Cruz, Torres Vedras, tem as contas na ponta da língua. Por mês, poupa entre 200 a 250 euros nas viagens para o trabalho. Gasta 100 euros cada mês, menos do que os 150 euros que teria de desembolsar para o passe nos transportes públicos, sem incluir o metro. São quatro no carro que todos os dias faz 140 quilómetros na ida e volta para Lisboa.

O ponto de encontro está definido e os dias estabelecidos para que cada um traga a sua viatura. Dois ficam no Campo Pequeno, outro na Praça de Espanha e Simão é o último condutor que leva a viatura, sua ou dos colegas, para o estacionamento gratuito em Benfica. É só vantagens. Partilham despesas, viaturas, conversas.

Ser amigo do bolso e do ambiente

O aumento do preço dos combustíveis é um grande motivo. Mas há mais. “Há o factor do cansaço, não é a mesma pessoa a fazer 140 quilómetros todos os dias, além do factor ambiental”.

Luís Lopes, do Entrocamento, voltou temporariamente ao comboio até que a companheira de boleia, uma ex-colega do curso de Recursos Humanos, termine a licença de maternidade. Daqui a dois meses, volta à rotina de partilhar a boleia para Paço de Arcos, onde ambos trabalham em empresas distintas. São 130 quilómetros por dia para cada lado.

“Ganhamos uma hora por dia, meia hora de manhã, meia hora à tarde, não pagamos passe, poupamos no combustível”, conta ao P3. Ainda andou pelo site Carpool para tentar encontrar mais um companheiro para a viagem. Em vão. “Não temos horários fixos e arranjar uma terceira pessoa, era muito complicado”.

Todas as semanas, Rafael Silva de Elvas vai a Lisboa uma ou duas vezes. Os 200 quilómetros de ida, os 200 de volta, mais as portagens representam um custo de 100 euros. A despesa mensal nunca fica por menos de 400 euros e pode chegar aos 800. Por isso, recorre ao “carpool” para tentar encontrar companheiros de viagem e de despesas. E tem conseguido.

Marca um ponto de encontro e parte. E como a cidade é pequena, de quando em vez, caras conhecidas aparecem-lhe no caminho. “Consigo arranjar gente, o difícil é conciliar a volta, mas a malta lá faz um esforço porque está tudo alinhado para reduzir custos”. Os sites são uma grande ajuda. “A táctica é boa, colocá-la em prática é que é mais complicado”, refere. Mas o esforço compensa e a carteira agradece.

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