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PS acusa Governo "de provocar a morte de pessoas com idade avançada"

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Seguro segue o roteiro da Saúde

Dirigente socialista ataca Governo depois de ouvir testemunhos de "dramas reais" na semana socialista Em defesa da saúde

Depois do PCP, chegou a vez do PS. As denúncias sobre o impacto dos cortes na saúde - particularmente no transporte de doentes não-urgentes - subiram ontem de tom, durante a iniciativa da semana Em defesa da saúde, em que participam o secretário-geral do PS, António José Seguro, a presidente do partido e ex-ministra da Saúde, Maria de Belém Roseira, e outros dirigentes socialistas.

Os deputados e dirigentes do PS andaram pelo país para testemunhar os "dramas reais" de portugueses que ficam à margem do Serviço Nacional de Saúde devido aos cortes no transporte de doentes não-urgentes. A dureza dos relatos ouvidos em Bragança resultou em acusações violentas da parte dos socialistas. Como a de Diamantino Lopes, presidente da federação distrital. "Parece que o Governo tem o objectivo oculto de provocar a morte de pessoas com idade avançada para não pagar reformas."

Não foi a primeira vez que o Governo foi acusado nestes termos. O PCP já por mais de uma vez o fez. E ontem o secretário-geral dos comunistas insistiu na denúncia após uma visita ao Hospital do Espírito Santo, em Évora, responsabilizando o executivo de Passos Coelho pela "possibilidade da morte antecipada de muitos portugueses", devido à "convergência diabólica" de aumentos no sector da Saúde.

O caso de Carolino Leitão, de 78 anos, foi um dos que se atravessaram ontem perante os socialistas. Há oito anos que, todos os meses, ia a Vila Real levar duas transfusões de sangue devido a uma doença grave que o pode matar, na falta deste tratamento. "Este ano ainda não fui lá, cortaram-me o transporte", contou, confessando uma manifesta "falta de forças" para denunciar a ausência de tratamento. "Vou morrer, estão à espera que eu morra", foi o lamento deixado por um reformado com pouco mais de 250 euros por mês.

Marilene Ribeiro desabafou igualmente o seu desespero pela situação da filha de 16 anos e com um problema cardíaco. Pagar a ambulância aos bombeiros do seu bolso equivaleria a "mais de 20 contos [100 euros], quantia que a mãe não tem forma de suportar".

As viagens ao hospital - que teve de fazer por duas vezes só na passada semana - custaram mais de 100 euros. E o exame foram outros 100. "Tenho pago tudo: taxas moderadoras, análises, exames. Não aguento mais. Houve meses em que fui lá [ao Porto] três e quatro vezes", desabafou.

Relatos que levaram a presidente do PS, Maria de Belém Roseira, a prometer articular "com o actual Governo no sentido de se acertar uma metodologia de defesa, de afirmação de aprofundamento, de defesa do SNS que não pode passar por aumentos de financiamentos, mas tem de passar pela melhor utilização dos recursos que hoje estão afectos à saúde".

BPN no Parlamento

A iniciativa continua ao longo da semana, ao mesmo tempo que, no Parlamento, os deputados deverão avançar com o requerimento sobre a comissão de inquérito ao BPN. O líder parlamentar, Carlos Zorrinho, afirmou ao PÚBLICO que a proposta deverá ser entregue à presidente da AR "durante esta semana". Zorrinho não quis especificar se a proposta do PS limita o inquérito à venda ao BIC ou se alarga à gestão da CGD, como é defendido pelo PCP, BE e alguns socialistas. Os próximos dias servirão para a recolha das 46 assinaturas de deputados necessárias para garantir a constituição da comissão de inquérito. com Lusa

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