Proprietário quer demolir centro comercial Cruzeiro para construir prédio de habitação

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Destino do antigo centro comercial parece traçado, apesar das críticas dário cruz

Projecto de arquitectura ainda não foi apresentado na câmara, mas o presidente da autarquia considera que edifício não tem de ser preservado a todo o custo

O centro comercial Cruzeiro, no Monte Estoril, desactivado mas apontado como o primeiro no país, poderá vir a dar lugar a um novo edifício habitacional de quatro pisos. Essa é, pelo menos, a intenção do proprietário, o banco BPI, que já tem um pedido de informação prévia aprovado pela câmara. O presidente da Câmara de Cascais frisa, no entanto, que o projecto de arquitectura ainda não foi apresentado e que, por isso, o destino do edifício não está ainda decidido.

"O edifício não está classificado e não considero que tenha de ser preservado a todo o custo", disse Carlos Carreiras, que, admitindo essa possibilidade, não acha que o imóvel tenha necessariamente de ser demolido. "Há outras soluções", completou o autarca, lembrando que o projecto que vier a ser apresentado terá de ter em conta, por exemplo, a questão do trânsito na zona (o cruzamento em frente teria de ser alterado) e os problemas ao nível do subsolo, com as caves do antigo centro comercial a serem "permanentemente inundadas".

Há vários anos que o Cruzeiro está ao abandono. Agora que a pala ruiu e o edifício foi vedado surgiram receios de que a demolição estaria para breve. Mas, para já, os trabalhos destinam-se apenas a garantir a segurança na via pública. "Os tapumes foram colocados para criar condições para se proceder à demolição de elementos de edifício em risco de colapso", explicou a directora de comunicação do BPI, por email enviado ao PÚBLICO, acrescentando que o edifício será depois demolido. Quando? Ainda não há uma data, "por estarem a decorrer procedimentos administrativos na Câmara de Cascais". Carlos Carreiras lembra que para isso acontecer "têm de ser apresentados projectos". E, garante, isso ainda não aconteceu.

Ainda assim, a mesma fonte do BPI adiantou que "o pedido de informação prévia prevê a construção de um edifício habitacional de quatro pisos e três fogos por piso". Um prédio que será "praticamente vazado no rés-do-chão, deixando livre uma área muito significativa para a circulação de peões".

No blogue Cidadania Cascais, que se tem oposto à demolição do edifício do Cruzeiro, surgiram já críticas à demolição. "Por que não se indigna ninguém?", lê-se, num post da semana passada. "Talvez porque realmente sejam muito poucos os que prefiram um centro comercial Cruzeiro dos anos 40 reabilitado a um novo quarteirão pós-modernaço."

"O mais fácil é deitar abaixo em vez de reconverter", lamenta, por seu lado, o arqueólogo José D"Encarnação, que refere o centro comercial no seu livro Recantos de Cascais. "Do ponto de vista arquitectónico o edifício pode não ser muito bonito, mas foi o primeiro centro comercial criado em Portugal com a concepção que temos hoje."

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