Hesitantes em emigrar, firmes na procura do mais barato

A geração dos 18-28 anos cresceu num mundo global e sente-se parte dessa cultura, apesar de a maior parte não se sentir preparada para emigrar. São novos consumidores e colocam novos desafios às marcas

Foto
P3

Nunca uma geração cresceu num ambiente tão global, tão tecnológico, e teve tanto contacto com a diversidade cultural e étnica. São jovens abertos ao mundo (20% já viveram fora do país), sentem-se parte de uma cultura global que ultrapassa as fronteiras do país (75,8%) e a grande maioria (80,8%) tem amigos de outras nacionalidades.

São números que fariam adivinhar uma grande disponibilidade para emigrar, mas que escondem uma ligação muito forte ao país: 37,6% dizem que emigrar "talvez fosse a melhor opção", mas admitem que não se sentem preparados para isso. Há, no entanto, uma fatia significativa (28%) que responde que sempre pensou fazê-lo.

Paula Mateus, técnica responsável pelo estudo, não ficou surpreendida com a hesitação dos jovens em emigrar: "Temos ouvido falar muito de emigração nos últimos tempos, mas não foi algo que esta geração tenha crescido a ouvir. Tinham planos diferentes à entrada da faculdade, é um pouco ingrato investir cá, ter a família cá, e depois ser confrontado com essa ideia como uma inevitabilidade". 

A utilização da internet – ferramenta fundamental desta geração global – é feita sobretudo para consumir informação (68,8%), para trabalhar (15,4%) e para estar conectado (9,4%). Da amostra entrevistada, 22,5% confirmaram ter um computador próprio.

"Online" só se for mais barato

O baixo rendimento que a maioria dos jovens aufere reforça uma geração cada vez mais pragmática, que vive a “sociedade 'discount'” ao extremo. Querem poupar, e se isso significar fazer compras "online", que seja, eles fazem: 66% tem esse hábito, ainda que a maior parte (29,4%) o faça de forma esporádica. Compram tecnologia (44,2%), livros (42,1%) e viagens (37,9%).

Estão atentos às ofertas que aparecem na "web", mas não havendo vantagem em termos de preço, ainda preferem ir comprar à loja. O envolvimento com as marcas, medido em "likes", "views" ou partilhas, está longe de se traduzir em compra: pode ser “totalmente situacional, avulso e não ter qualquer consequência na construção de uma relação a médio ou longo prazo com a marca”. Um consumidor mais complexo? "São sempre muito diferentes entre eles, mas têm aspectos globais comuns". Por exemplo: têm gostos muito variado quando se pergunta quais são as bandas preferidas, mas quase todos gostam de música. 

O que é que eles valorizam? Conteúdos que os façam rir, que revelem criatividade, que estejam alinhados com os seus valores ou que sejam produtos inovadores. Comprar? Só se for mesmo relevante para as suas vidas.

Sugerir correcção
Comentar