A terceira vitória da era Sá Pinto voltou a ser pela diferença mínima. Desta vez, resolveu Izmailov

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Izmailov marcou o golo da vitória sportinguista sobre o Rio Ave Foto: Francisco Leong/AFP

Há poucas semanas, quando perguntaram a Ricky Wolfswinkel qual o jogador que mais o impressionava no Sporting, o holandês nem hesitou e disse o nome de Izmailov. “Faz coisas incríveis com a bola”, contou o avançado. O camisola 9 referia-se às habilidades do russo nos treinos, já que o médio tem poucos jogos esta época devido às lesões, uma constante na sua carreira. Neste domingo, o Rio Ave e Alvalade viram quão precisas foram as palavras de Wolfswinkel.

Ao quarto jogo em 11 dias sob o comando de Sá Pinto, o Sporting voltou a mostrar um futebol aos repelões, com mais ânimo do que arte, fruto da cisão recente com Domingos e uma época que no campeonato já entrou no seu estado moribundo. Foi aqui que entrou Izmailov, a salvar a equipa de nova depressão a que as vitórias recentes sem brilho — sobre o Paços de Ferreira (1-0) e o Legia Varsóvia (1-0) — trouxeram. Marcou o único golo, com um remate forte após um trabalho notável.

O russo tem o à-vontade dos grandes executantes, não se deixa abater pela pressão. Logo no primeiro minuto, chocou com o joelho contra um adversário e os adeptos pensaram o pior: com ele tem sido assim, mais lesões do que jogos. Por isso, é tão raro vê-lo jogar. E quando conseguem vê-lo esperam coisas raras também — foi assim na sua estreia, em Julho de 2007, quando marcou o único golo da Supertaça e derrotou o FC Porto.

O último golo do russo esta época tinha sido a 10 de Setembro de 2011 frente ao Paços, na quarta jornada. Mesmo assim, nos 14 jogos no total, cinco a titular, soma quatro golos, é o segundo melhor marcador da equipa, a 3 dos 7 de Wolfswinkel.

Apesar deste amor desconfiado dos adeptos para com Izmailov, a relação com a equipa é ainda mais complicada. A identidade vai-se perdendo com as lesões de Rinaudo, Onyewu ou Rodríguez, as referências que Domingos construiu e Sá Pinto também tenta segurar. E isto pode gerar confusões, como o marcador de livres da equipa ser Polga…

O central, que desde 2003 parece ensombrar Alvalade (em 214 jogos na Liga nunca marcou um golo), ficou responsável pelos livres. Não saíram muito tortos, mas diz bem do desnorte da equipa. Polga fez dupla com Xandão, foi a quarta vez esta época, numa rotatividade algo incomum devido às lesões dos centrais que não foram também poupados. A outra hipótese, Carriço, jogou como trinco.

Pela frente, o Rio Ave de Carlos Brito, a equipa que tem o pior registo nos jogos fora — conseguiu apenas uma vitória em Olhão e um empate em Aveiro, ontem somou a nona derrota longe de Vila do Conde — nunca fez o “leão” descansar. Nem quando este ficou em vantagem desde os 35 minutos.

Sem o segundo golo e o meio-campo do Rio Ave a conseguir estancar as investidas de Elias e Schaars com Tarantini e Vilas-Boas, o Sporting andou inquieto. E tinha razões para isso. Marcelo, o escolhido por Sá Pinto para a baliza com uma opção pouco entendível (optou por fazer descansar o jogador em melhor forma da equipa), impediu o golo do Rio Ave ainda na primeira parte. João Tomás falhou outro na pequena área. Isto impunha respeito ao dono da casa.

Os alas funcionavam, mas aqui é que se vê a solidão de Wolfswinkel. É um avançado abandonado, mal servido e cada vez com menos golos na sua conta. E com isso desmoraliza. Foi ele que perdeu a bola no meio-campo e Atsu quase aproveitava para empatar — a bola passou a rasar o poste. Logo a seguir, num livre, Braga quase marcava. Pólvora seca frente a um Sporting em maré vitoriosa.

O jogo terminou com nova vitória do Sporting e de Sá Pinto, a terceira do novo técnico em quatro jogos (tem ainda um empate em Varsóvia 2-2). E assim, os “leões” juntam-se ao Marítimo no quarto lugar e ficam à espera de tirar dividendos do jogo de segunda-feira entre o Sporting de Braga e o Vitória de Guimarães.

POSITIVOIzmailov

O seu golo foi fundamental, como têm sido muitos na sua carreira (há sempre o da sua estreia contra o FC Porto, na Supertaça). Cada vez que joga os adeptos esperam coisas raras, como as suas aparições, salvo das lesões. Mesmo assim é o segundo melhor marcador da equipa, com quatro golos.


Ataque do Rio Ave

Saíram a zero de Alvalade, mas estiveram muito perto do golo. João Tomás e companhia tiveram oportunidades para festejarem, valeu Marcelo e algum azar.


NEGATIVOWolfswinkel

O sistema táctico não o favorece, joga sozinho, sem companhia na frente. Os extremos não o sabem servir e ele vai desmoralizando. Sem golos, soma apenas sete, o holandês anda cada vez mais infeliz.


Ficha de Jogo

Sporting, 1


Rio Ave, 0


Jogo no Estádio José Alvalade, em Lisboa.Assistência 25.107 espectadores.

Sporting

Marcelo, João Pereira, Xandão, Anderson Polga, Insúa, Daniel Carriço, Elias, Schaars (André Santos, 80’), Izmailov (Evaldo, 86’), Wolfswinkel e Diego Capel (Pereirinha, 70’). Treinador Sá Pinto.

Rio Ave

Huanderson, Jean Sony, Gaspar, Éder, André Dias, André Vilas Boas, Vítor Gomes (Braga, 46’), Tarantini, Yazalde (Mendes, 60’), João Tomás (Anselmo, 75’) e Christian Atsu. Treinador Carlos Brito.

Árbitro

Paulo Baptista, de Portalegre.

Amarelos

Huanderson (18’), João Pereira (26’), Jean Sony (36’), João Tomás (42’), Wolfswinkel (45’+1’), Gaspar (90’) e Elias (90’+3’).

Golo

1-0, por Izmailov, aos 35’.

Notícia actualizada às 21h21
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