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O país parece estar frágil de mais para mobilizar cá dentro os recursos que não consegue obter lá fora

Péssima notícia: o indicador de poupança das famílias coligido pela Universidade Católica voltou a regredir em Janeiro. Actualmente, o pé-de-meia das famílias situa-se em torno dos 7,5% do produto nacional (PIB), o que está longe da média dos parceiros do euro e a uma distância abissal das necessidades do país. Na segunda metade de 2008, quando se tornou claro que Portugal iria sofrer as agruras da crise mundial, uma acentuada subida da taxa de poupança levou os mais optimistas a acreditar numa mudança de atitude dos cidadãos, que teriam finalmente percebido que a reserva de uma parte dos rendimentos auferidos é a melhor garantia para tempos de incerteza. Desde então, a curva da poupança oscilou, mas entrou em queda em Outubro de 2011. O que se terá passado? É fácil acreditar que as dificuldades das famílias reduziram os rendimentos disponíveis para a poupança. Mas esta pode ser apenas uma parte da explicação, porque nada indica que o aumento das dificuldades imponha uma redução automática da taxa de poupança - nos anos 70 Portugal era mais pobre e a poupança rondava os 20% do PIB. Sejam quais forem as causas, a queda da poupança retira à economia a alternativa mais óbvia e imediata à escassez de financiamentos externos. Esperar que neste momento difícil os portugueses pudessem poupar como os alemães (18% do PIB) ou como os chineses (60% do PIB) seria uma miragem; acreditar que fossem capazes de ser os principais financiadores do Estado como os italianos ou os japoneses uma utopia. Mas, quando lá fora escasseiam recursos financeiros, era fundamental que os portugueses os pudessem mobilizar cá dentro. Na espiral da crise, porém, o país parece estar frágil de mais para cumprir essa tarefa essencial.

Com que candidato vai estar a força?

Nicolas Sarkozy anunciou ontem o que toda a gente estava à espera. Mas ao responder "sim" à pergunta sobre a sua recandidatura ao Eliseu, deu o tiro de partida para a campanha eleitoral. Recuperou um slogan - a França forte - usado por outro Presidente de direita, Valéry Giscard d"Estaing, na campanha que perdeu para o socialista François Mitterrand, em 1981. Este, por sua vez, seria eleito após uma campanha cujo mote foi o célebre "A força tranquila", inventado por outro socialista, Jean Jaurès, no princípio do século. A força, portanto, parece ser um substantivo constante na política francesa. De que lado estará ela no duelo entre o Presidente que luta por um segundo mandato e o candidato dos socialistas, François Hollande, que lidera destacado as sondagens? Sarkozy sabe que a reeleição é difícil, porque a maioria dos franceses faz um balanço negativo do seu mandato. Terá de explorar o facto de nas sondagens surgir como o candidato que mais eleitores dizem ter um perfil presidencial. Sarkozy terá que recuperar terreno nas sondagens para mostrar que esta é uma corrida aberta. Mas sobretudo precisará de obrigar Hollande a provar se tem ou não uma resposta alternativa para combater a crise. É essa a força que decidirá quem é o vencedor. E esse debate diz respeito à Europa toda.

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