Ingenuidade ditou derrota portista, não o dinheiro
Foi uma oportunidade perdida para o FC Porto, que conseguiu atenuar a diferença de riqueza para o adversário. A contratação dos “onze” titulares do City custou 192 milhões de euros ao clube e os suplentes mais 127 milhões (mais do que um banco, é um cofre-forte). Desde que o xeque Mansour Bin Zayed Al Nahyan, membro da família real de Abu Dhabi, comprou o City, em Agosto de 2008, já gastou 468 milhões de euros em reforços e outra fatia superior a 400 milhões em outros investimentos no clube. Por isso, os visitantes partiram para esta eliminatória com o estatuto de favoritos.
No entanto, no jogo de desta noite começou por valer o estatuto de detentor do título. Como raramente tem acontecido esta época, o FC Porto surgiu em campo com vontade real de roubar a posse ao adversário, com pressão efectiva sobre a bola. Isso, mais a eficaz troca de bola entre os seus jogadores, pelo menos até esta chegar a Hulk, colocaram os “azuis e brancos” por cima do jogo na parte inicial. A marcação rápida de um canto, aos 15’, poderia ter dado frutos, mas Clichy, na primeira acção primordial de uma grande primeira parte do lateral francês, desviou o cabeceamento de Rolando e evitou o golo.
Nos minutos seguintes, já depois de o FC Porto ter perdido Danilo devido a uma lesão, lance que diminuiu a dinâmica da equipa no lado direito, foi protagonista Helton, que frustrou Balotelli, Micah Richards e Nasri. A equipa de Vítor Pereira respondeu a este primeiro período de qualidade do adversário com uma boa combinação que resultou em golo: Lucho passou para Hulk e este cruzou para Varela inaugurar o marcador (27’), um lance que surgiu pouco depois de o FC Porto ter reclamado um penálti de Kompany sobre o brasileiro.
Até ao intervalo, Helton fez uma boa defesa a um remate de Balotelli, que apareceu sozinho, mas preferiu rematar à entrada da área quando podia aproximar-se da baliza portista, e Hulk rematou por cima com o pé direito. Ao intervalo, o resultado, apesar do perigo criado pelos visitantes, era justo e podia medir-se pelo facto de Álvaro Pereira ter passado mais tempo na área do City do que na sua.
Mas as coisas mudaram no segundo tempo. A formação inglesa, que não facilitou e até usou Yaya Touré de início depois da sua participação na CAN, dominou a posse de bola e começou por mostrar as suas intenções com um remate ao poste de Richards, o único no “onze” que não custou dinheiro, pois é proveniente da formação. Aos 55’, Helton estragou o que fez de bom antes com uma saída indecisa e a jogada, aparentemente inofensiva, terminou com um autogolo de Álvaro Pereira. O único sinal de perigo dos portistas acabou por ser um livre directo de Hulk que Joe Hart defendeu.
O grande jogo dos primeiros 45 minutos deu lugar a um segunda parte mais monótona. O FC Porto não conseguiu penetrar mais na defesa adversária e equipa de Roberto Mancini parecia satisfeita com um empate que já lhe era favorável.
Contudo, novo erro portista ajudou a criar um golo de ouro para o City perto do fim: Moutinho tentou passar a bola por cima de um adversário e Touré, um dos seis jogadores do Manchester City usados por Mancini que custaram mais de 27 milhões, serviu nas calmas Aguero, que fez o golo, provavelmente o mais fácil dos 19 que marcou esta temporada.
Além do resultado, houve mais três más notícias para o FC Porto: as lesões de Danilo e Mangala e o amarelo a “Palito”, que não poderá jogar a segunda mão. E apenas uma boa: a garantia de que, em Inglaterra, não sofrerá um autogolo do lateral uruguaio.
POSITIVOClichy e KompanyO Manchester City marcou dois golos no Estádio do Dragão, mas a defesa talvez tenha sido o seu melhor sector. A começar por Gael Clichy, que evitou um golo e fez vários cortes providenciais. O central belga Kompany não lhe ficou atrás e também esteve em grande nível.
Fernando
O FC Porto desperdiçou uma grande exibição de Fernando contra as estrelas do City. Foi fundamental na recuperação de bolas e decisivo em algumas intercepções, bem como na pressão que exerceu sobre David Silva e companhia.
NEGATIVO
Hulk
A assistência para o golo portista foi uma intervenção importante, mas praticamente a única positiva de Hulk ao longo de todo o jogo. O resto resume-se a perdas de bola e tentativas frustradas de desequilibrar em lances individuais.
Erros infantis do FC Porto
Cometer tantos equívocos talvez não fosse tão mau contra outras equipas menos apetrechadas e com menos recursos. O Manchester City, no entanto, fez os “dragões” pagarem caro o autogolo de Álvaro Pereira e a sobranceria de João Moutinho.
Ficha de jogo
FC Porto,
1
Man. City,
2
Jogo no Estádio do Dragão, no Porto.Assistência
47.416 espectadores.
Helton, Danilo (Mangala, 22’, Defour, 89’), Rolando, Maicon, Álvaro Pereira, Fernando, Lucho Gonzalez, João Moutinho, Varela (Kléber, 77’), James Rodriguez e Hulk.
TreinadorVítor Pereira
Man. CityHart, Richards, Kompany, Lescot, Clichy, Barry, De Jong, David Silva (Kolarov, 82’), Touré, Nasri (Zabaleta, 88’) e Balotelli (Aguero, 78’).
TreinadorRoberto Mancini
ÁrbitroCuneyt Cakir, da Turquia.
AmarelosDanilo (21’), Touré (25’), Álvaro Pereira (54’), Kompany (59’), De Jong (60’), Barry (61’), Nasri (74’) e Richards (90+3’).
Golos1-0, por Varela, aos 27’; 1-1, por Álvaro Pereira (p.b.), aos 55’ e 1-2, por Aguero, aos 84’.
Notícia actualizada às 23h05