Poupança das famílias já está abaixo da média histórica

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Novo produto de poupança coloca dívida pública junto dos particulares Andrea Comas/Reuters

As sucessivas dietas de austeridade e o desemprego recorde estão a levar as famílias portuguesas a poupar menos ou mesmo a consumir as suas poupanças.

O indicador de poupança, elaborado pela Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP) e pela Universidade Católica, atingiu em Janeiro os 93,1 pontos, o que compara com os 97,1 pontos registados em Dezembro.

Além disso, os números dos últimos meses foram revistos em baixa pela APFIPP e pela Católica e mostram que a poupança está em queda desde Novembro. Neste momento, o indicador está já ligeiramente abaixo da sua média histórica, que é de 95 pontos.

De acordo com a APFIPP e a Universidade Católica, “as expectativas de desemprego, registadas no inquérito às famílias da Comissão Europeia e corrigidas da sazonalidade, desceram ligeiramente em Janeiro, apesar de se manterem em níveis muito elevados.” Além disso, “a diminuição das expectativas de desemprego pode reduzir a necessidade de poupança das famílias por motivo de precaução.”

Desde Maio do ano passado que o indicador da poupança tinha vindo a subir, mostrando que, numa altura de austeridade e desemprego elevado, as famílias tentam poupar mais. Contudo, desde Novembro, os números deram sinais da tendência contrária. No mês passado, a APFIPP e a Católica escreviam que o aumento da poupança teria chegado ao fim e, neste momento, voltou a descer abaixo da média histórica.

Esta tendência reflecte o impacto das novas medidas de austeridade, como a eliminação dos subsídios de férias e de natal para funcionários públicos e pensionistas, a eliminação de várias deduções no IRS e o agravamento das taxas do IVA, devido à transição de determinados produtos das taxas reduzida e intermédias para a taxa normal. Isto irá reduzir ainda mais o rendimento disponível das famílias e pode mesmo inviabilizar a sua capacidade de poupar.

O índice elaborado pela APFIPP e pela Universidade Católica remonta ao último trimestre de 2000, onde assume o valor de 100, equivalente a uma taxa de poupança de 8% do PIB. Cada 12,5 pontos do indicador representa cerca de 1% do PIB.

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