Wolfgang Münchau diz que Grécia e Portugal têm de falir dentro do euro

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Os cortes de salários e pensões, que têm gerado ondas de protesto, vão agravar a recessão, diz Münchau George Karachalis/Reuters

O colunista do Financial Times, Wolfgang Münchau, compara Portugal à Grécia, defendendo que os dois países deveriam entrar em falência, mas sem abandonar a moeda única.

No artigo de opinião hoje publicado no Financial Times, no qual mantém uma coluna semanal sobre economia europeia, Wolfgang Münchau critica ferozmente a forma como os líderes europeus procuraram, desde o início, resolver a crise da dívida europeia, acusando-os de “ignorância e arrogância”.

Para o jornalista alemão, a aprovação do Parlamento grego ao novo pacote de austeridade, que permitirá ao país receber um novo resgate e assim evitar um default (incumprimento) não irá salvar o país. “Alguns dizem que seria melhor forçar imediatamente a Grécia a sair da zona euro e usar os fundos para salvar Portugal. Eu discordo”, diz Wolfgang Münchau.

Para o jornalista alemão, os líderes europeus deveriam reconhecer o “estado desolado” em que se encontram os dois países e deixar ambos entrar em default dentro da união monetária. Seria depois necessário usar o fundo de resgate do euro – suficientemente reforçado – para ajudar esses dois países e, ao mesmo tempo, criar uma barreira de protecção para os restantes, de modo a impedir o risco de contágio.

“Tudo isto será muito caro. Mas ignorar a realidade durante os próximos dois anos será ruinoso”, avisa.

Wolfgang Münchau recorda que, há dois anos, a maioria das autoridades europeias ainda acreditava que a Grécia iria superar os seus problemas. “Faltava-lhes [aos líderes europeus] experiência na gestão de crises financeiras. Nem sequer consultaram outras autoridades em outros locais do mundo que tenham passado por crises nas décadas anteriores”, explica o jornalista, acusando os líderes europeus de “ignorância e arrogância”.

Agora, Wolfgang Münchau diz que as autoridades do Norte da Europa já começaram a entender que o novo programa grego é um “fracasso consumado” e que estão quase a desistir do país. Além disso, diz o colunista do FT, o novo resgate à Grécia não vai resolver os problemas do país e pode nem sequer vir a ser aplicado.

Agora “vai instalar-se um período de calma mas, daqui a alguns meses, vai tornar-se claro que os cortes nos salários e nas pensões na Grécia vai aprofundar a depressão”. Além disso, com greves sucessivas e as demissões de alguns ministros, Wolfgang Münchau diz que não é certo que o líder da Nova Democracia – e o provável futuro primeiro-ministro do país, Antonis Samaras – venha a implementar as medidas de austeridade.

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