A noite estava fria mas Rodrigo e Cardozo aqueceram-na

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Rodrigo bisou frente ao Nacional Foto: Francisco Leong/AFP

O Nacional, quando entrou na Luz, parecia um condenado a caminho do cadafalso, lado a lado com o seu verdugo. Desgastado física e emocionalmente pela eliminação, na quarta-feira, nas meias-finais da Taça de Portugal frente ao Sporting, chegou a Lisboa sem seis titulares, entre castigados e lesionados. Não era só isso a desmoralizar os madeirenses, mas a tarefa que tinham pela frente: enfrentar o Benfica, líder da Liga, senhor de um ataque demolidor e detentor de dez vitórias seguidas. E o palco era o pior, um estádio com mais de 50 mil benfiquistas sem clemência para com o adversário.

O alçapão abriu-se mesmo e o Nacional desapareceu ao primeiro golo. Foi Garay. A primeira vez que a equipa de Jesus se acercou da baliza de Marcelo facturou e a formação insular ruiu. O Benfica, sem Maxi e Javi García (jogou Witsel o que pôde como defesa direito e Matic no meio-campo), fazia o jogo chegar à frente pelos pés de Aimar. O resto, e não é pouco, ficava a cargo dos quatro avançados: Gaitán, Nolito, Rodrigo e Cardozo. Demasiado para Marçal, o desgraçado recém-promovido a defesa esquerdo que há duas semanas descansava no Torreense. Foi ele a não perceber o que Gaitán lhe fez antes de oferecer o golo a Cardozo.

O argentino, numa finta digna de Houdini, apareceu isolado na área e serviu o ponta-de-lança. O paraguaio tinha que marcar, há sete jogos que o faz.

Cardozo conta agora com um parceiro perfeito para o “crime” — Rodrigo. Foi o espanhol a descansar a Luz, quando esta se revoltou com o golo de Claudemir, depois de Jorge Sousa ter marcado penálti. A falta de Emerson sobre Diego Barcelos é discutível, mas o árbitro não hesitou. Artur não deteve o remate colocado e a margem mínima voltou ao marcador.

Um sobressalto que não estava nas contas dos benfiquistas. Mas Rodrigo, 11 minutos depois, repôs a normalidade, com uma jogada rápida a deitar o guarda-redes no chão. Ele e Cardozo somam, no final desta ronda, 13 golos nas últimas sete partidas. Um terror para Feirense, Gil Vicente, V. Setúbal, U. Leiria, Rio Ave e Marítimo, uma lista de vítimas a que se juntou o Nacional.

A dupla merece respeito, muito, mas é a Aimar que se presta culto. Cada vez que o argentino caminhava para a marcação de um canto, o estádio prestava-lhe homenagem. Um caso de amor, que ganhou fogo com a renovação do contrato, esta semana. Os heróis estavam no palco, o público estava à espera de golos e de mais uma vitória. E Rodrigo fez a vontade, mais uma vez. Numa jogada relâmpago e de ângulo apertado, fez o 4-1. O espanhol leva oito golos na prova, menos cinco que Cardozo, sentado no trono dos melhores marcadores com 14.

Com este triunfo, o Benfica estica para 8 pontos a vantagem sobre o FC Porto, que entra mais pressionado no jogo de hoje com a União de Leiria. Com o clássico marcado para o início de Março, qualquer deslize pode ser fatal. E a pensar na gestão do plantel, com jogo na quarta-feira para a Champions com o Zenit, Jesus tirou Aimar, fez descansar o seu melhor pensador de jogo e defendeu com Miguel Vítor, tirando a Witsel o pesadelo da defesa. Estava feita a noite.


POSITIVO e NEGATIVO

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Rodrigo/Cardozo
Os dois avançados são um terror para os adversários. Levam 14 golos marcados nas últimas sete jornadas. O espanhol marcou dois e elevou a conta para 8. O paraguaio apontou um (até deu para falhar um penálti) e leva 14 na prova.
Jorge Jesus
Atingiu a vitória 100 no Benfica (em 142 jogos), é o nono técnico com mais triunfos no clube. Somou a 11.ª vitória seguida, um percurso limpo desde que caiu eliminado da Taça, no início de Dezembro.

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Defesa do Nacional
Caixinha veio até Lisboa com seis ausências, entre lesionados e castigados. A defesa remendada não teve pernas para deter a avalanche ofensiva “encarnada”. Saiu goleado, mas podia ter sido por números maiores.
Witsel
A culpa não é dele, foi uma “invenção” do técnico colocá-lo como defesa direito. Só respirou de alívio quando voltou para o meio-campo.
Ficha de jogoBenfica, 4
Nacional, 1

Jogo no Estádio da Luz, em Lisboa.Assistência
53.238 espectadores.

Benfica

Artur Moraes, Witsel, Luisão, Garay, Emerson, Matic, Gaitán (Bruno César, 80’), Aimar (Miguel Vítor, 59’), Nolito, Rodrigo (Nélson Oliveira, 75’) e Cardozo.

Treinador

Jorge Jesus.

Nacional

Marcelo Valverde, Claudemir, Danielson, Neto, Marçal, Todorovic (Juliano, 46’), Elizeu, Diego Barcellos, Skolnik (Candeias, 46’), Keita e Oliver (Mateus, 60’).

Treinador

Pedro Caixinha.

Árbitro

Jorge Sousa, do Porto.

Amarelos

Todorovic (15’), Witsel (51’), Claudemir (58’), Diego (66’), Neto (79’) e Candeias (85’).

Golos

1-0, por Garay, aos 9’; 2-0, por Cardozo, aos 21’; 2-1, por Claudemir (g.p.), aos 29’; 3-1, por Rodrigo, aos 39’; 4-1, por Rodrigo, aos 62’.

Notícia actualizada às 22h50
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