Há noites diferentes no Porto

Se não houver sopa, os voluntários fazem. Mesmo que tenha acabado tudo há sempre uma palavra ou um sorriso para se dar. É assim que funciona o CASA

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Paulo Pimenta

No Porto, todas as noites, vinte pessoas não vão para as Galerias de Paris, para a Praça dos Leões nem para a Ribeira. Vão sim, fazer fazer companhia a quem está só, vão ouvir quem nunca ninguém ouve.

O Centro de Apoio ao Sem Abrigo (CASA) do Porto todos os dias, e duas vezes à sexta-feira, leva uma refeição quente e uma palavra amiga às centenas de sem-abrigos do Porto.

Todos eles são voluntários, e essa é a grande vantagem do CASA, todos deixam de ir para os copos, jantar fora ou até ir para a cama mais cedo por uma única razão: amor. Será amor suficiente para tantos sacrificios? Não sabemos, apenas se sabe que estes voluntários fazem amizade onde mais ninguém fez, sabem os nomes de quem ninguém sabe, e até comem a sopa e os bolos também.

No tempo em que se demora a fazer uma ronda - uma, duas, cinco horas, o tempo que for preciso -, durante esse tempo, não há pobres nem ricos, por umas horas naquele local deixam de existir classes. Apenas há algumas pessoas reunidas a praticar o maior bem de todos os animais, o da comunicação.

Se não houver sopa, os voluntários fazem. Se não houver café, eles semeiam, regam e colhem. É simples este funcionamento, mesmo que tenha acabado tudo há sempre uma palavra ou um sorriso para se dar. É assim que funciona o CASA.

No fim destas rondas, todos seguem os seus caminhos para o meio das pessoas "normais", uns vão para as Galerias de Paris, outros para a Ribeira ou para as suas casas. Afinal foi só uma noite como muitas outras, ao longo da qual todos vão poder dormir melhor.

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