Líder da CGTP diz que acordo de concertação social é uma "monstruosidade"

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Arménio Carlos fez um discurso duro Rui Gaudêncio

O novo secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, classificou como “inadmissível” e uma “monstruosidade económica e social” o recente acordo de concertação social, o qual deverá ser combatido "antes de ser aprovado".

No discurso de encerramento do congresso da CGTP, que o elegeu para substituir a Carvalho da Silva, Arménio Carlos apelou a uma mobilização intensa contra o acordo, nas ruas, nas empresas e directamente junto dos deputados da Assembleia da República. “Este acordo não é lei, vamos ter de o combater antes de ser aprovado”, disse. "A luta será decisiva para obstaculizar aquela que é a maior ofensiva desencadeada contra os direitos dos trabalhadores", acrescentou.

As críticas ao acordo, assinado pelo Governo, patrões e UGT, foram o ponto forte do discurso. "O recente acordo de concertação social constitui uma monstruosidade económica e social: a concretizar-se, iria diminuir ainda mais a procura interna ao comprimir os salários e cortar no subsídio de desemprego, agravando a pressão recessiva", afirmou.

Sem nomear a UGT, Arménio Carlos lançou a crítica: "O que eles [o Governo e os patrões] querem são sindicatos que subscrevam aquilo que as entidades patronais querem".

Numa intervenção dura, feita parcialmente de improviso, Arménio Carlos disse que a CGTP tem pela frente "muito trabalho" para "responder às ofensivas que estão em curso". É "um tempo de acesa e intensa luta de classes", considerou o dirigente sindical, que prometeu luta na rua e criticou o Governo por "destruir a economia", por "subverter os princípios constitucionais" e por estar "a esvaziar o estado social".

"Na prática, estamos perante um processo de agiotagem puro e duro", considerou.

Se as medidas do Governo não forem travadas, disse, o país vai sofrer com a "destruição de 400 mil postos de trabalho", um "desemprego acima dos 14%" e a "uma queda para níveis de riqueza inferiores aos de 2001". E reivindicou a "actualização imediata" do salário minimo nacional, um aumento das pensões e uma melhoria das condições de apoiio aos desempregados. "Não podemos aceitar este desastre económico e social que espolia os que menos têm e favorece aqueles que são responsáveis pela crise".

O novo secretário-geral da CGTP defendeu ainda que o país deve renegociar a dívida. Na linha que a CGTP tem defendido, o novo líder argumentou que, por "respeito com a soberania do povo português", o país deveria exigir uma reduçao dos juros e um alargamento dos prazos do empréstimo externo.

Arménio Carlos criticou também a chanceler alemã, Angela Merkel, por ter "o descaramento de anunciar publicamente que são eles que controlam a economia e as finanças da Grécia".

"Não tardaria que também tivéssemos em Portugal a senhora Merkel a mandar, em vez de serem os portugueses a decidir o seu futuro", afirmou.

Arménio Carlos foi eleito este fim-de-semana como secretário-geral da CGTP, sucedendo a Carvalho da Silva, com 113 votos a favor e 28 brancos. A Comissão Executiva da central sindical vai ter uma renovação de cerca de metade dos seus elementos.

Notícia actualizada às 21h02
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